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27/01/2024 às 08h00min - Atualizada em 27/01/2024 às 08h00min

Somos soldados pedindo esmolas

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
Hoje, eu queria viajar, ir para um lugar desconhecido, conhecer pessoas novas e me inserir em uma nova cultura. Ter contato real com alguém diferente, de preferência, alguém sem redes, mas que gosta de descansar em uma.

Alguém que possa me contar a sua percepção da vida e me mostrar a forma como enxerga o mundo. Algo que ela construiu, com seus erros e acertos, ela se consolidou e se formou por meio do seu conhecimento empírico e também adquirido de modo off-line.

Queria voltar a compreender como é uma história, que mistura a nossa realidade com a nossa imaginação, para que no final possa dizer: que legal! Simples assim, seria algo genial. 

Hoje, encontrar tempo para conversar, estudar a vida para não se alcançar nada e, simplesmente, fazer de um encontro casual um grande momento, é algo extremamente raro.

Saudade da cadeira de fio, do almoço de domingo, daquele cafezinho feito na hora, de poder contar o que realmente sentimos, sendo aconselhados por quem nos viu crescer e, que por mais que erramos, saberíamos que há um recomeço e uma base.

Essa conexão global enaltece os erros e torna as vitórias, pequenas ou grandes tão insignificantes, onde a teoria toma lugar da prática e, assim, vários padrões são formados sem exemplos concretos.

Perdidos em um oceano e à deriva, esperando a próxima salvação, vamos nos segurar e continuar acreditando que somos evoluídos, que não somos preconceituosos e que compreendemos o mundo e as pessoas como ambos devem ser.

A história nos mostra que começamos errados e que o amor sempre foi uma utopia, uma palavra para pessoas cultas ou inalcançáveis. Cometemos absurdos gloriosos, enfatiza Renato Russo, e na perfeição da geração virtual, estamos construindo um presente de soldados pedindo esmolas, nos defendendo tanto sem saber do que.

Nessa guerra, muitos não querem lutar, gostariam de brincar e agora já não se reconhecem, e, de repente, estão lutando, ao mesmo tempo em que se matam para se reencontrar. Sem saber o que dizer e nem o que desejar, todos querem liderar, mas ninguém sabe o que esperar.

Todos esses soldados aparentemente fortes, que disfarçam bem por um minuto e meio, só querem ser amados, porém as milhões de teorias que todos criam não despertam neles a felicidade, isso porque, nós aprendemos a lutar, enquanto precisamos urgentemente saber como amar.
 
​*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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