06/01/2024 às 08h00min - Atualizada em 06/01/2024 às 08h00min
Somos quem podemos ser
IGOR CASTANHEIRA
Mais velho
Com um pouco mais de conhecimento
Sem tantas certezas, mas imensas e incontáveis questionamentos
Me permito descansar.
No berço da minha existência, volto a sorrir e a chorar
Na memória, o bolinho de chuva que só a vó sabe fazer
Aquele arroz com carne moída com tempero de amor de mãe
Aquelas histórias da nossa infância que só os mais velhos recordam e com elas trazem um sorriso.
Bate uma saudade que nem eu me lembro que poderia sentir
As casas mudaram
Não tem mais aquele desenho na parede
Os quartos têm outras lembranças
As plantas foram replantadas ou mudaram de lugar
E hoje correm no quintal ou no corredor outros cachorros
Com o mesmo amor.
O tempo passa
Vejo que tudo muda
Às vezes isso acontece porque queremos
Porém, muitas vezes, fingimos que não percebemos.
Lutamos contra o inevitável
E, assim, nos surpreendemos ao perceber que aceitar essa mudança
Nos deixa, de certa forma, mais leves.
No entanto, ao olhar pra trás, enxergamos que não queríamos perder o que acreditávamos que ainda tínhamos
E que assim como eu mudei
Tudo em minha volta já havia se transformado há anos.
Aquela nostalgia bateu forte
Aquele tempo bom não volta mais
Contudo, ele nos conforta.
A cada sorriso da mãe
Que, muitas vezes, não nos vê como adultos
E a cada abraço no pai
Que facilmente ouvi e diz
Eu Te Amo.
Talvez na crise de meia-idade
Eu sinta a necessidade de crescer
Não sei se eu quero
Mas preciso.
Percebo um mundo muito diferente dos dois
“Eu não sou todo mundo”, ela diz
Já ele, enquanto puder, me ajuda a realizar meu sonho
De fato, tentando ser diferente
E tendo o suporte para sonhar
Vou seguindo.
Sei que as expectativas e os medos de cada um são diferentes
Cada um com as suas singularidades
E eu com as minhas
Só tenho a agradecer
E dizer que hoje, compreendo as nossas singularidades
E que nessa trajetória, elas foram construídas e se encontraram várias vezes
Provocando medos, discussões, brigas, sonhos que, certamente, deixaram marcas.
Pai, mãe e vó, dentre as incertezas da vida e a incapacidade de prevemos o futuro, deixo aqui a minha gratidão e amor pelo meu presente e pela nossa história
Ainda sendo contatada.
Temos a família que precisamos ter
Entre erros e acertos
Os anos nos mostram
Que realizamos o que conseguimos
Sendo assim, não existe motivo para criarmos obstáculos e culpados para o futuro, que nós imaginamos no presente.
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.