Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
12/12/2023 às 08h00min - Atualizada em 12/12/2023 às 08h00min

População de 1872

ANTÔNIO PEREIRA
Em 1872 se fez um censo em São Pedro de Uberabinha. Não sei como foi feito, mas tenho os resultados em mãos.

As primeiras condições estabelecidas para o levantamento foram em razão da liberdade das pessoas. Em toda a área do distrito, havia 3.483 pessoas livres, sendo 1764 homens e 1719 mulheres. Desse total, apenas 523 eram brancos e 192 eram pretos. Pardos eram a grande maioria: 2.755. Atualmente o IBGE classifica como “pardo” qualquer mistura racial. Não sei como foi considerado à época. Mas os caboclos, que é a mistura de branco com índio, estão discriminados na coleta. Eram apenas 13. De qualquer forma, 2755 representam 79%. Era uma respeitável miscigenação. Suponho que esses pardos eram apenas a mistura de branco e preto.

Eram casados, 942, católicos, todos. Brasileiros, todos. Somente 523 sabiam ler e escrever. Ou seja, apenas 15%. A população escolar somava 392 crianças entre 6 e 15 anos, mas na escola só havia 101. Eram 346 casas habitadas.

Havia 545 escravos dos quais 70 eram pardos e 475 pretos sendo casados apenas 48. Todos eram católicos. 54 eram estrangeiros, logicamente, africanos. Nenhum sabia ler e escrever e não se consideraram a idade e a frequência escolar.

Se somarmos os livres e os escravos, teremos uma população total de 4.028 almas. Se somarmos os analfabetos brancos e pretos, chegaremos a 3.505, ou seja, 87% de analfabetos.

O distrito só possuía um padre e 5 professores. Tinha 4 operários em metais e 9 operários em madeiras. Impressionante o número de costureiras, 580. Gente pronta para qualquer coisa eram 593, os biscateiros. 820 eram lavradores e 510 se aplicavam em serviços domésticos. Sem profissão eram 1491.

O levantamento relaciona também as profissões inexistentes no distrito. Vamos destacar apenas alguns por curiosidade: Não havia advogado, nem médico, nem farmacêutico, nem artista, nem polícia, nem industrial, nem pedreiro, nem alfaiate, nem sapateiro.

Isso aí era a nossa gente naquela época.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90