Giuseppe Capparelli veio trabalhar, na picareta, abrindo a picada por onde passaria uma estrada de ferro, rumo ao Oeste, partindo de Uberabinha. Era de Spezano Albanese, província de Cosenza, Calabria. Depois que deixou a ferrovia, que não foi construída, fixou-se na cidade do Prata, onde se casou com Arzelina Augusta da Silva, nascida em Queluz, no estado de São Paulo. Aí, começou a trabalhar com carnes. Amarrava as reses numa mangueira e matava-as a machado. Vendia as carnes numa bacia que levava na cabeça até se estabelecer comercialmente com açougue. Juntou algum dinheiro e voltou para a Itália onde não mais se adaptou, retornando direto para Uberabinha. Apesar disso, nunca se naturalizou. Tinha orgulho em ser italiano. Aportou em Uberabinha em 1916 e adquiriu do seu cunhado Agripino Augusto da Silva (pai do futuro prefeito de Uberlândia, Tubal Vilela da Silva) o prédio que ocupava a esquina da avenida João Pinheiro com a avenida João Pessoa onde se estabeleceu objetivando atender viajantes da Mogiana. Vendia broas, pés de moleque, pinga, groselha, fernet, biscoitos. Numa segunda etapa, a família montou um armazém. Com uma bicicleta, iam de casa em casa pesquisando o que precisavam. Isso já era uma novidade comercial. Eles é que iam atrás do freguês. Entregavam para receber no fim do mês. Ao lado do armazém, mantiveram uma casa de pensão, chamada Pensão Brasil, que funcionava como um autêntico consulado. Ali se realizavam batizados, casamentos, tratamentos de saúde, nascia e morria gente e até se reconciliavam casais italianos. Também os japoneses, que posteriormente se estabeleceram na região do distrito do Cruzeiro dos Peixotos, faziam da Pensão Brasil, o pião para as suas visitas urbanas. Com o correr do tempo, os filhos Francisco, Sebastião e Manoel assumiram o comércio e criaram a Casa Capparelli, o maior comércio atacadista da cidade, enquanto existiu. Possuíam uma frota própria de 32 caminhões, o que era uma enormidade para a época. Dominaram o comércio para o estado de Mato Grosso e chegaram até Belém, no estado do Pará. Inovadores, no tempo em que trabalhavam apenas no varejo, iam às casas dos clientes tomar pedidos; no tempo do atacado introduziram o macarrão em Mato Grosso (não era conhecido lá) e substituíram a bruaca (recipiente sem medida definida) pelos sacos de 60 quilos. Montaram moinho de sal em frente ao seu estabelecimento (onde, depois, foi Pneus OK). Na primeira crise, após o golpe militar de 1964, saíram do comércio exatamente quando iniciavam suas atividades os grandes atacadistas atuais, que tinham sido seus clientes. Francisco foi um dos presidentes da Associação Comercial. Caetano, outro filho de Giuseppe e Arzelina, estudou Belas Artes em São Paulo e foi excelente artista plástico, mas, aqui, para sobreviver, pintava paredes. Outros filhos de Giuseppe foram o médico Dr. Vittorio Capparelli, o Manoel e o Sebastião.
Fonte: Sebastião Capparelli
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