O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.
IGOR CASTANHEIRA
A minha vida sempre foi acelerada Não tinha tempo a perder Com sede de viver Muito para descobrir.
Por algum motivo O meu corpo não consegue acompanhar minha mente Será algo proposital? Alguma lição? Ou apenas Circunstâncias da vida?
Não sei Fato é! Minha mente não pára Desde pequeno sou assim Ansiedade a Mil Quando criança O coração acelerava Hoje não chega a tanto.
Na infância Os medos, as dúvidas Os sonhos e o futuro Se alternavam na minha cabeça.
Cada um com o seu momento Às vezes mais ameno,às vezes mais intenso. Poucas vezes Eu venci o medo Quase nenhum sonho se realizou O futuro, pasmem! Não aconteceu Conclusão? A mente brinca de ser gente grande
Ano após ano As expectativas aumentam Os sonhos se transformam E, como diria Renato Russo, “O Futuro não é mais como era antigamente”
Assim, meio inconformada Não querendo sair do seu conforto Cada dia mais massante A mente discute comigo Afeta o meu corpo E ainda coloca a culpa na minha consciência Ela despeja suas frustrações em mim Deixando as minhas emoções enlouquecidas.
Aos 38 anos Tento controlar Finjo que mando nela Faço coisas que ela não quer E deixo de agradá-la.
Dizem que ela acostuma Pode até ser Mas se relaxar A procrastinação Volta com tudo Aí, ela reina
Pra piorar ou melhorar Sou singular Uma desculpa sempre cai bem É mais fácil Vamos acostumar Relaxar E, se a mente deixar, evoluir.
Com a idade A ansiedade está aqui Os medos mudaram O futuro já não espero.
Porém A mente continua brincando Mais rápida do que o meu corpo Todavia mais cansada Assim como a minha casca
Talvez, dentre tantas singularidades expostas Eu tenha algemas ainda não rotuladas Minha condição física nunca foi moda. Mas seu eu disser que tenho TDAH Sou modinha!
Calma, gente. É só impressão Não fiz teste Tampouco exames Somente leitura.
A única certeza É que a mente não pára Quer fazer tudo ao mesmo tempo Quer manter a rotina Quer conhecer o novo Quer descansar
O meu corpo tadinho Tenta Sou lento por um motivo Pra acalmar a mente Por mais que ela tente A execução é no meu tempo.
Com a mente rápida E o corpo lento A mente joga Curte a preguiça Embaralha os meus pensamentos Me confunde E tenta me estagnar
Brincando com o tempo Ela vê o tempo passar E me acompanha A mente sabe Um dia Vai me cobrar.
Decidi pagar o preço antes Faço e me organizo para ser diferente Busco canalizar as coisas palpáveis Executar tarefas simples De forma concreta.
A meta? Ter o poder sobre ela Acostumá-la A sonhar e fazer Se desprender do passado Esquecer o futuro Fácil? Não sei Mas temos a necessidade De fazer corpo e mente Caminharem juntos No meu tempo Com as minhas condições
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.