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18/11/2023 às 08h00min - Atualizada em 18/11/2023 às 08h00min

Teorias, sonhos e realidade

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
Aprendi a me esconder por trás de um sorriso, encontrei nas lágrimas meu consolo, descobri com o tempo que tudo passa, ele deixa marcas, lembranças e histórias.
 
Eu, nas belas teorias de um filósofo de botequim ou, nas certezas proclamadas por alguém em um ambiente instagramável, nunca achei a fórmula mágica.
 
Procurei em livros, textos, na arte, na cultura e no esporte algo mais palpável, algo mais suportável do que a realidade a mim imposta
 
Assim, com um tanto de informação, pouco conhecimento e muitas dúvidas, fui montando as minhas teorias e sentando nas minhas teimosias.
 
Sozinho e, mais uma vez perdido, vou passando os dias. Repensando muita coisa, com um medo que nunca me abandona, e as convicções de futuro para uma pessoa singular que, sinceramente, não me cabe.
 
Compreendo os anseios do mundo, vejo a necessidade das pessoas, no entanto, nunca paramos para perguntar: por quê?
 
Por que buscamos a mesma coisa? Por que estipulamos regras que nos prende? Por que temos medo do diferente?
 
Nós, os singulares temos as mesmas questões que todos vocês, mas nos foi permitido viver há pouco tempo.
 
E, assim, ancorados por poucos, mas consolados por nossos "iguais", estamos engatinhando. Criando mais teorias, encontrando mais desculpas, colocando mais dificuldade.
 
Ainda estamos no começo desse processo, querendo ser aceito e, ao mesmo tempo, querendo ser ouvido.
 
Eu me encaixo nesse perfil, preciso das migalhas que o mundo me oferece, porque é o que ele tem, e também quero mostrar que podemos mais.
 
Contudo, sem recursos, será que terei que me entregar a Lei de Cotas? Ela me aceita, mas não me compreende. Me oferece o mínimo e tenta me iludir com a meritocracia, isso me faz parecer ingrato e o vilão da história. Às vezes me sinto mal por não ser igual aos meus, seria mais fácil, todavia não seria honesto comigo.
 
Quero viver meu sonho, em um mundo que o sonhar tem preço, quero viver feliz, em um lugar em que a felicidade é julgada, quero me sentir bem como sou, não encontrar meios que me suportem.
 
Em um mundo em que a cota nos divide e nos corta ao meio, eu prefiro ser a soma e a multiplicação.
 
A cota nos dá a falsa sensação de segurança, ela é apenas um pequeno passo de um processo longo e cheio de obstáculos impostos por uma sociedade excludente.
 
Eu resisto, vejo algo mudar, enquanto o recurso me falta, sigo plantando sorrisos e colhendo amizades e eternos momentos. Vocês querem apresentar o mundo novo para nós com a ótica de vocês, nos colocando em estáticas e nos impondo valores.
 
Somos um grupo novo, praticamente uma criança, nos deixe sonhar e conhecer a beleza do mundo que vocês não enxergam. Não nos mostre sua estrutura, não nos ensine os seus vícios, não nos imponha a sua necessidade, não limite a nossa imaginação.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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