O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.
IGOR CASTANHEIRA
Nós buscamos segurança Queremos certezas Duvidamos do que não conhecemos Mas acreditamos que sabemos.
Por meio de crenças Através de costumes Por repetição Nos acostumamos com o comum.
Não somos flexíveis Conforme o tempo passa Nos acomodamos Aceitamos e criticamos o novo.
Nesse conflito Inútil e desgastante Entre gerações Perdemos tempo Ganhamos cicatrizes Crescemos E aumentamos nossa resistência.
Não adianta ter soberba Ela nunca vai nos deixar evoluir Nas certezas imutáveis da ciência Ou na fé nutrida de preconceitos Nos achamos superiores.
Com a imaginação voltada para o futuro Com as frustrações carregadas do passado O presente está sempre esquecido.
Não valorizamos o momento Não prestamos atenção à nossa volta Não somos capazes de parar Nos concentrar e perceber Que tudo que fazemos Um dia será deletado Esquecido, modificado, amplificado ou diminuído.
Com medo de não ficarmos marcados na história Que nem iremos contar Estamos acostumando a multiplicar nossas dores A estabelecer novos padrões de sofrimento A compreender o mundo Como um lugar sem sentido Como um lugar apático Com medos Sem amor.
Talvez Seja por isso que a arte e cultura são sinônimos de resistência A arte e a cultura resgatam os valores humanos Nos mostra o quão ruim podemos ser O quanto não nos aceitamos.
Por isso Essas ferramentas existem Para mudarmos Para enxergamos o quão somos insignificantes. Isso nos traz medo O que fazemos? Fugimos dele A cultura e arte Respeitam a nossa singularidade Nos permite contar a história com vários finais.
Mais uma vez O medo prevalece Talvez Muitos estejam acomodados Aceitam a realidade imposta Andam pelo caminho que lhe é permitido.
Outros Ao terem contato com essa pluralidade Percebem o poder de transformação Encontram outro propósito Sofrem, mas sabem que precisam enfrentar.
Ao perceber as diferentes realidades As pessoas acreditam que podem fazer seu presente melhor Não precisam se ater aos que temem a mudança Se unem aos sonhadores.
A cultura e arte permite esse paralelo Entre o real e o lúdico Entre o imaginário e o dia a dia Assim, essas ferramentas mostram Que podemos ser fracos ou fortes Alegres ou tristes Poderosos ou ninguém No fim Se não nos sentirmos amados Nada valeu a pena.
Não importa o status A posição O saldo Apenas queremos pertencer.
Não busque futilidades Não corra atrás de status Não seja escravo do tempo Não brigue com o presente Não reclame do passado Não espere pelo futuro.
Se satisfaça com o que tem Faça do pouco muito Valorize as pessoas Quantifique os momentos Deixe o tempo levar suas memórias.
Faça da vida um rascunho Esteja pronto para recomeçar Se permita reescrever a própria história Com diversos finais Só assim saberemos Se valeu a pena.
Se formos capazes de recomeçar Carregando as lembranças do caminho E sorrindo para o horizonte.
Assim Saberemos Independente do final Que irão contar A felicidade Estará presente Na história Tomara que seja repleta de arte e cultura Que possam ter Diversos finais.
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.