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04/11/2023 às 08h00min - Atualizada em 04/11/2023 às 08h00min

AACD e Teleton: uma parceria que mudou a história das pessoas com singularidades

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
Gente, nós já vamos para a 26ª edição do Teleton. Nos dias 10 e 11,  no SBT, a transmissão mais inclusiva do ano vai  acontecer. Um sonho ainda vai se realizar. Ainda iremos falar sobre singularidade para  milhares de lares brasileiros.

Nossa, passa rápido! Em 1998, eu com os meus 13 anos, ganhava mais um apelido no colégio. “Tonzinho”. Era mais um entre tantos, mas tudo bem, isso acontecia com frequência.

Naquela manhã, eu não tinha noção da importância daquele acontecimento, estava mais preocupado em fazer que o apelido não pegasse, aquela coisa de recém-adolescente, em uma cidade do interior, sem muito conhecimento da diversidade, cheio de medos e preconceitos, só queria que não me enxergassem como “Tonzinho”.

Como era bobo, ingênuo e desinformado. Preocupado comigo e com medo do que a minha imaginação inventava. Hoje eu entendo, que assim como eu, meus amigos, colegas e demais crianças, também não tinham ideia da dimensão da história que começava naquele ano.

Eu era o único singular em meio a tantas crianças, eu queria ser como elas, já elas tentavam encontrar um jeito de me incluir. De fato, nem eu, nem elas sabiam o que estavam fazendo.

Naquele dia, acredito que, assim como eu, elas   também entraram em um novo mundo. Foi por meio da televisão, lembremos que a internet ainda estava engatinhando, que pude questionar, nossa! Tem tanta gente diferente? Eu não sou o único? 

A cada matéria, uma história, a cada descoberta um sorriso e uma lágrima, a cada vitória um agradecimento. Esse foi o meu primeiro contato com tamanha pluralidade humana e as suas singularidades.

Fiquei impressionado, surpreso, mas contente, fiz a minha doação pelo telefone, na época foram R$ 10,00. Fiquei feliz em ajudar. Por muito tempo me perguntei, por que somente uma vez no ano? Por que a AACD não fazia essa parceria por mais vezes?

Tudo bem, via a programação, adorava os shows e os artistas, quase não dormia, cochilava no sofá, da minha vó, contudo a televisão ficava ligada. Mas eu queria ver se me identificava com alguma história. Não me lembro de nenhuma específica no momento, porém,  só sei que,  pela televisão, fiquei surpreso, chocado e feliz. Conheci um mundo que nem imaginava que existia.

Compreenderam a importância dessa parceria entre o Teleton e AACD? Muito mais do que o belo trabalho desenvolvido, agora em diversas unidades pelo Brasil, essa parceria deu um mundo novo a várias pessoas com singularidades que se sentiam sozinhas. Essa parceria criou expectativas, alimentou sonhos, quebrou preconceitos e nos deu visibilidade em uma época onde não tínhamos  as redes sociais.

Eu estava no colegial, nem  sonhava em sair de casa, fazer comunicação, só queria ser igual a todo mundo. A partir daquele momento, comecei a buscar outras referências. Apesar de buscar por meio da imaginação. Isso aconteceu  por não ter muito conhecimento da minha realidade na época e também por  ter poucos  e breves contatos com outras crianças singulares. O Teleton abriu um mundo novo para mim.

O tempo passou e eu segui acompanhando o Teleton e o crescimento da AACD, ano após ano. Mas a minha realidade mudou quando saí da casa dos meus pais e me mudei sozinho para Uberlândia. Aí sim, pude compreender, vivenciar e aprender com a pluralidade humana.

Me encontrei na comunicação e, em 2016, por meio do convite do meu grande amigo Aldair dos Santos, pude cobrir aquela edição do Teleton. Um sonho, uma  realização, muita gratidão e alegria, lá conheci e vi grandes pessoas unidas por uma causa maior. 

Em um evento de tantas horas no ar a plateia, assim  como os apresentadores, mudam de tempos em tempos, eu tentei enrolar e despistar a produtora ao máximo, queria estar na plateia do Silvio Santos, mas infelizmente não foi possível. 

Contudo, foi uma experiência que quero repetir, ter a oportunidade de ver a solidariedade, de acompanhar a empatia sendo compartilhada e de participar de uma grande festa em prol de uma causa da qual luto de uma maneira singular e com sorriso, é muito gratificante

Nesta edição o pilar S de ESG (Ambiental, Social e Governança) ganha ainda mais força nessa tradicional corrente do bem, pois o impacto social está no DNA da AACD há 73 anos.

O pilar S do ESG será o ponto central nessa campanha. Assim, é uma forma de empresas, governos e sociedade investirem e atuarem diretamente na causa da pessoa com deficiência física, respeitando os direitos dessa população e permitindo um real processo de inclusão.

“Colocamos esse ponto como principal nessa edição, pois acreditamos no potencial da Campanha AACD Teleton para fazer essa transformação. Estamos trabalhando há 73 anos por essa causa e precisamos ter ao nosso lado todos (empresas, pessoas e governos) que efetivamente desejam um Brasil mais inclusivo, que vá além do mero discurso e gere um engajamento real para que as pessoas com deficiência física sejam cada vez mais protagonistas e tenham seus direitos respeitados”, diz o superintendente de Marketing e Relações Institucionais da AACD, Edson Brito.

Este ano, as doações já podem ser feitas pelos canais: duas chaves Pix [email protected] e (11) 9 4311-0144. Também é possível contribuir por meio do site www.teleton.org.br. O tradicional 0500, para quem quiser ligar e doar, já está disponível: 0500 12345 05, para doar R$ 5; 0500 12345 20, para doar R$ 20; e 0500 12345 40, para doar R$ 40. Outra opção é doar via aplicativo iFood.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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