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10/10/2023 às 08h00min - Atualizada em 10/10/2023 às 08h00min

O asfaltamento para Monte Alegre

ANTÔNIO PEREIRA
Era 1953. Alexandrino Garcia era presidente da Associação Comercial. Geraldo Migliorini era vice. Encontravam-se sempre. Um dia, estavam os dois com o deputado federal Rondon Pacheco e o presidente Garcia comentou: “Essas estradas de terra dão muito trabalho de conservação, ficam muito caras e nunca estão boas. Seria melhor asfalta-las.” Alexandrino pensava em asfaltamento daqui para Goiás. Rondon concordou, mas não lhes contou que já estava trabalhando para isso. Daí uns trinta dias, ele escreveu para a Associação Comercial contando que o asfaltamento de Uberlândia a Itumbiara tinha sido incluído no Plano Rodoviário Nacional. Trabalho dele. Migliorini comentou com o seu presidente: o asfalto, de São Paulo pra cá, ainda está em Campinas e você já está querendo colocar daqui pra frente? Ao que Alexandrino comentou, reavivando aquele velho pensamento que vinha do Fernando Vilela, de 1910: não interessa asfalto para Uberaba, Ribeirão Preto, Campinas, São Paulo. O que interessa é daqui pra Goiás, Mato Grosso. Os diretores da ACIUB iam constantemente ao Rio de Janeiro. Numa dessas viagens, estiveram com o Dr. Régis Bittencourt, diretor do DNER que, não obstante aquele asfaltamento estar no Plano Nacional, ele não podia autorizar porque não havia asfalto no Brasil e a importação estava suspensa. Só com ordem expressa do presidente Getúlio Vargas ele autorizaria a importação. No mesmo dia, o grupo procurou Rondon Pacheco que lhes pediu paciência e que voltassem para Uberlândia. Ele estudaria um jeito de conseguir uma audiência com o presidente da república. Trinta dias depois, Alexandrino recebeu carta (ou telefonema) do deputado Rondon Pacheco dizendo que fossem para o Rio. Ia conseguir a audiência. Montaram a comitiva: Alexandrino Garcia, (presidente da ACIUB), Geraldo Migliorini (vice), José Rezende Ribeiro (presidente da Câmara Municipal) e Lázaro Chaves (presidente do Sindicato dos Motoristas). No Rio, convidaram o empresário Cedro Naves, que estava morando lá, para participar do grupo. Foi, ainda, um jovem estudante de medicina, Antônio Thomaz de Rezende, filho do Toninho Rezende, líder pessedista. Nicomedes Alves dos Santos (presidente da Associação Rural) também estava no grupo, mas em razão de atraso na recepção, retornou a Uberlândia deixando Migliorini em sua representação.

A comitiva procurou Rondon Pacheco que a recebeu carinhosamente e lhe disse que, infelizmente, não poderia acompanhá-la. Ele era udenista e isso açularia a curiosidade da Imprensa. Que pediria ao deputado mineiro Euvaldo Lodi, presidente da Confederação Nacional da Indústria, para acompanhá-la. Até entregar a comitiva ao seu acompanhante, Rondon esteve com seus conterrâneos. 

Getúlio recebeu o grupo carinhosamente, com bom humor, às 10 horas da noite. Expostas as razões da visita, o presidente não titubeou um segundo. Assinou a papelada toda autorizando a importação. Toninho Rezende, o jovem estudante pediu autorização ao presidente para fixar aquele momento histórico. Autorizado, a máquina fotográfica falhou. Toninho pediu ao presidente que aguardasse um minuto. E saiu pelo palácio procurando uma máquina que, por sorte, encontrou com um funcionário.

Desta vez, a máquina não falhou e lá estão: da esquerda para a direita: Euvaldo Lodi, Cedro Naves, Alexandrino Garcia, Getúlio Vargas, José Rezende Ribeiro, Geraldo Migliorini e Lázaro Chaves.

E saiu o asfaltamento.
 
Fontes: Geraldo Migliorini e Juquita ribeiro



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