O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.
IGOR CASTANHEIRA
Ah, Inclusão sua linda! Como você é utópica. Às vezes, até acredito que você exista. Nos meus devaneios, você até acontece. No entanto, na realidade, você só me acompanha. Sei o porquê gostas tanto de mim. Comigo tens holofote. E sempre ocupa o papel principal. Mas, no fim, só alimento o seu ego. Ah, Inclusão, quero que me deixe! Você tem um mundo para incluir. Não precisa de mim. Por favor, vá embora! Podes voltar outra hora. Mas, por agora, leve a Deficiência com você. Não quero envaidece-la . Não me faz falta! Todavia, por muito tempo, ela me diminuiu. Enquanto, você, Inclusão, me faz sonhar. Já você, Deficiência, me enxerga como você. Um ser inferior. Quero me sentir bem. Com você não há como. Não me diminua. Sei que é uma muleta. Não muito inteligente. Mas, pra muitos, confortável. Não pra mim. Não encontre os desavisados. Tampouco os rotule como faz comigo. Por isso, hoje lhe deixo. Sem você, tenho liberdade que sempre quis. Já você, Inclusão. Volte! Quando deixar de ser egoísta. Se desprender do seu ego. Trabalhar o seu eco. E perceber que todos precisam de você. Não se limite a um rótulo que me deram. Você é maior que isso. Inclusão olhe ao seu redor. Não se sinta abandonada. Chame a Singularidade. Você se sentirá mais forte. Não tenha medo. A mudança faz bem. Você trabalhará cada um de uma forma individual. Perceberá que somos diferentes e únicos. Portanto, singulares. Com ela enxergará a beleza do incomum. Se desprenderá dos padrões. Assim, construirá pontes. E derrubará muros. Pode doer! Mas é transformador. Você pode mudar o mundo. Basta estar mais bem acompanhada.
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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