Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
20/06/2023 às 08h00min - Atualizada em 20/06/2023 às 08h00min

O Santa Genoveva

ANTÔNIO PEREIRA
Os médicos Wilson Galvão, João Fernandes de Oliveira e Fausto Gonzaga de Freitas, lideraram um grupo interessado em atender melhor às necessidades do município na proteção da saúde da sua população e adquiriram dois lotes na avenida dos Andradas (Raulino Cota Pacheco) com a intenção de construírem um hospital. Era o final da década de 1951. Foram vendidas quotas de participação e começou a obra. A renúncia do presidente Jânio Quadros e a consequente instabilidade econômica mais o desequilíbrio político derrubaram os planos.

Naquela época, Uberlândia possuía dois hospitais construídos como tais, o Santa Catarina e o Santa Terezinha, dois hospitais adaptados sobre antigas residências, o Santo Agostinho e o Santa Clara, e a Santa Casa que vivia momento crítico por problemas financeiros. O Santa Terezinha tinha capacidade pequena, construído em 1928. O Santa Catarina, erguido em 1958, era mediano.

A cidade cresceu, o plano desabou e a cidade continuou com o mesmo sistema protetor. A deficiência aumentava. Em 1972, os mesmos médicos, voltaram a pensar na construção de hospital que resolvesse a deficiência municipal. Compraram uma quadra na Vila Operária, entre as avenidas João Pinheiro e Floriano Peixoto. Pretendiam um estabelecimento com dois andares. A valorização imobiliária mais a série de desentendimentos entre sócios resultou na venda do imóvel à Construtora Centro Oeste.

Por essa época, instalou-se a Escola de Medicina e Cirurgia de Uberlândia que compensou um tanto a deficiência da Santa Casa. A situação da Santa Casa era tal que chegaram a pedir aos médicos que operassem menos porque não tinham condição de fornecer alimentação aos internados.

Paralelamente a estas situações, o INPS descredenciou o Hospital Santa Agostinho e seus médicos. Alguns que não foram descredenciados, quando precisavam internar seus pacientes, faziam-no em outros hospitais.

Dada as dificuldades da Santa Casa, o aumento da demanda e a criação da Escola de Medicina, espalhou-se a notícia de que a Prefeitura desapropriaria a Santa Casa e cederia o imóvel à Escola. As autoridades eclesiásticas temeram pela desapropriação que poderia ser bem aquém de seu real valor. Mas apareceram outros interessados que procuraram dom Almir, entre eles, os três mosqueteiros de 1958 (estando Valdo Borges no lugar do João Fernandes por suas atividades na Escola de Medicina) que viam na Santa Casa um imóvel com possibilidade de ser ampliado e que tinha espaço sobrando para tanto. Os outros médicos do Santo Agostinho que viviam a restrição do INPS logo se emparelharam com os pioneiros. 

Os Vicentinos, donos do imóvel, concordaram em vendê-lo por 12 milhões de cruzeiros em duas prestações anuais. Isso foi em 1975. A Caixa bancou o negócio. O INPS para liberar o credenciamento exigiu que os médicos punidos do Santo Agostinho e que eram sócios na aquisição, não participassem da diretoria.

No seu começo, o novo hospital manteve o nome da Santa Casa e do Hospital São Vicente de Paula e mandou pôr uma placa grande informando que atenderia pelo INPS.

Fonte: Dr. Wilson Galvão


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90