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09/05/2023 às 08h00min - Atualizada em 09/05/2023 às 08h00min

A interiorização da capital

ANTÔNIO PEREIRA
Pela primeira Constituição Republicana, a de 1891, a Capital Federal seria construída em terras do município de Formoso, em Goiás, no Planalto Central. Nos princípios do século XX, dizia o coronel Carneiro: “Isto aqui ainda vai ser Capital!”. Se não foi, quase foi. Em 1911, cogitou-se dessa transferência para o centro do país e o velho coronel gastou tintas e penas e papéis escrevendo para Deus e todo mundo pedindo que viesse para cá. Não veio. O senador estadual, Camillo Chaves, imaginou a Capital no pontal do Triângulo, perto das quedas d’água dos rios Grande e Paranaíba. Propôs. Não deu certo. O deputado federal, Arthur Bernardes, sugeriu, em projeto, que se transferisse o local para a futura Capital: em vez de ir para o Planalto Central, como pretendia a Constituição, que fosse para o Brasil Central, o que aumentava a possibilidade de Uberlândia. Benedito Valadares emendou o projeto restringindo a área: seria no Triângulo Mineiro, não especificando onde. A emenda não passou. Valadares não discordou, afinal, o Triângulo ficava no Brasil Central. Velhos uberlandenses, ainda acreditando nos sonhos do coronel, lamentavam que a cidade não possuísse um representante na Assembléia Constituinte de 1946, pós ditadura. Um deputado mineiro, Daniel de Carvalho, propôs emenda ao artigo primeiro da nova Constituição, refazendo a sugestão do antigo senador estadual Camillo Chaves: mudar a Capital, em dez anos, para o Triângulo Mineiro.

O presidente eleito nessa ocasião, general Eurico Gaspar Dutra nomeou comissão encarregada de estudar a construção da nova Capital. Com essa disposição do condutor máximo do país, os interessados se alvoroçaram e surgiu a primeira sugestão de peso. O jornal belorizontino “O Diário” propunha que se construísse a Capital em Uberlândia e relacionou as suas vantagens sobre os outros locais. As revistas e os jornais locais estimulados gastaram páginas de apoio e sugeriram entusiasmados áreas locais. Vantagens reais e potencialidades foram debulhadas. O médico e deputado goiano, Diógenes Magalhães, que já clinicara em Uberlândia e até tivera um hospital à avenida João Pinheiro, puxou a sardinha para a sua brasa: Goiânia, o que irritou os uberlandenses que rebateram veementemente a proposta. Em 1950, o Congresso Nacional decidiu que a futura capital iria mesmo para o Planalto Central, portanto, Uberlândia e o Triângulo ficavam de fora.

Na sua campanha para suceder o Dutra, Getúlio Vargas chegou a sugerir que a capital viesse para Uberlândia, dependendo das possibilidades financeiras do país. Mas a Capital mudou-se mesmo foi com o Juscelino, respeitando o que dizia a última Constituição que repetia a primeira: foi para o Planalto Central. Mas os uberlandenses não se sentiram desamparados. Uniram suas forças e conseguiram carrear para cá muitas das vantagens atraídas pela nova Capital. Foram estradas, telefonia, energia, escolas, televisão, industrialização etc e tal.

Fonte: Jornais e revistas da época.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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