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04/04/2023 às 08h00min - Atualizada em 04/04/2023 às 08h00min

Academia Spini

ANTÔNIO PEREIRA
Dos muitos filhos de Atílio Spini e d. Geni Custódio Pereira, o Glauco, foi o segundo. Tinha naturalmente um belo porte físico. Admirava o Charles Atlas que se dizia o homem mais forte do mundo. Ao casar-se com Joceline foi morar na rua Padre Anchieta, no bairro Lídice. Alugou um terreno em frente à sua casa, ergueu uma meia água e montou a Academia de Ginástica Uberlândia, rústica no princípio, mas ele detinha a técnica dos exercícios para desenvolver o corpo humano. Essa Academia durou 11 anos (1954/65), cinco na rua Anchieta e seis na Coronel Antônio Alves.

Deu certo. Antes dele, a cidade já tinha tido uma academia, nos anos 1920, a Sparta Brazileira, que ficava num barracão na avenida Cipriano Del Fávero. Entre seus atletas encontrava-se os engenheiros Fernando Vilela e Ignácio Penha Paes Leme. Nas paredes da Academia desenharam exercícios de ginástica que os operários das Oficinas Crosara, lá instaladas muitos anos depois, não sabiam o que significavam.

A Academia do Glauco pegou. Em pouco tempo havia 50 alunos, entre eles alguns dos irmãos Spini. O Glauco, entusiasmado com o aperfeiçoamento físico, participou de muitos concursos de fisiculturismo e chegou a ser classificado em 2º lugar num concurso para Mr. Brasil com fotografias publicadas numa revista americana. Dona Joceline Terèze Raniero Spini guardou carinhosamente a revista. Ele se interessava por várias modalidades esportivas, principalmente lutas. Aprendeu boxe, luta livre, luta grega e participava de campeonatos. Foi campeão brasileiro de luta livre, peso médio, por duas vezes. Um de seus costumeiros adversários era o paulista Paulo Barbudo.

Glauco montou um ringue nos fundos do Grupo Escolar Bueno Brandão, onde está atualmente o Uberlândia Clube e, posteriormente, outro na Praça de Esportes Minas Gerais (UTC). No galpão do Liceu de Uberlândia promoveu espetáculos com lutadores de renome internacional. Alguns informantes dizem que o ringue nos fundos do Grupo Escolar foi montado pelo Ayres Campos, um bon vivant, simpático, forte, também lutador que acabou artista da TV-Record, o herói infantil Capitão Sete, e foi também galã das companhias cinematográficas Atlântida e Vera Cruz.

Nos ringues uberlandeses pontilharam o grego Kostolias, o Homem Montanha e o campeão mundial, o argentino Antônio Rocca, além, claro, do Ayres Campos e do Glauco. O Ayres chegou a ser campeão sul americano de luta livre. 

Da Academia saíram alguns campeões: Hélio Lopes, campeão mineiro, peso leve, no levantamento de pesos; o Luiz Spini também foi campeão mineiro de levantamento de pesos e segundo lugar por duas vezes no campeonato brasileiro. Alçou 125 quilos. O Nego Marra foi campeão meio-pesado brasileiro e sul americano. O próprio Glauco venceu várias competições.

Suas apresentações de ginástica, levantamento de pesos, natação foram levadas também ao Praia Clube. Ele era um entusiasta. Vendedor da Hering, da Hércules, onde passava a divulgar o esporte da fisicultura. Chegou a fazer amizade com um jovem fisicultor do Sul de Minas, Aureliano Chaves. Quando governador de Minas, Aureliano veio a Uberlândia e foi recebido por várias pessoas, entre elas, o Glauco que se aproximou para cumprimentá-lo. A segurança logo se interpôs, mas o governador reconhecendo o velho amigo, estendeu-lhe os braços e mandou a segurança afastar-se. Aquele não tinha perigo.

Entre os alunos do Glauco estavam o Ciro da Goyana, o Carmo de Freitas, o dr. Fausto Gonzaga de Freitas, o Travaglini d’A Escolar, o JB (alfaiate), o Anísio Simão e muitos outros.

Tempo que se foi.

Fontes: José Spini, jornais, Bádue Morum.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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