Quando era menino pequeno em Belo Horizonte tinha uma propaganda de certa marca de sandálias que falava mais ou menos assim: “As únicas que não deformam, não têm cheiro e não soltam as tiras”.
Pois é, e a gente acreditava e à época era a mais pura verdade. E só dava elas lá em casa. Naquele tempo tinha se não me engano, a tira de uma cor geralmente azul, e o solado branco e azul.
A gente sofria para virar a tira e colocar tudo da mesma cor o branco ficava pra baixo. Chique né!
Um dia sabe-se lá quando a fabricante sacou e começou a fazer sandálias da mesma cor, com motivos mil, times futebol estampas de praia e outros temas.
Só que daí para a frente o tal "não solta as tiras" virou balela. De popular a marca de grife cheias de firulas e preços nas alturas foi um pulo.
Cá pra nós virou foi conversa pra boi dormir. Se antes uma par dessas durava muito, mas muito mesmo e mesmo. Hoje é quase uma por mês e lá se vão as tiras “eternas”.
No meu tempo criança, para acabar com as sandálias, só mesmo as ladeiras de BH e nossos carrinhos de rolimãs e claro as sandálias eram usas como o freio.. O calcanhar ficava fininho, mas ainda assim eram extremante duradouras para a alegrias de nossos pais.
Gastava o final do chinelo, mas honrava a propaganda, não soltava as tiras nem a pau.
E tinha um detalhe, mesmo depois de arrebentar e olha que demorava pacas, tinha o famoso preguinho que ainda dava vida extra para elas. Hoje, dura merreca e o que resolve é comprar tira nova de dez contos na feira. Mas para colocar a tal tira nova e não original, mata os dedos de tanto fazer força, um suador danado e um eterno desconjuro: Nunca mais eu compro essa @#$% nunca mais essa @#$% me pega!
Que pena, a tal virou outro produto com período de duração ou validade mínimo, sem qualidade nem segurança, além de ficar metido a besta. Se antes o uso delas era atestado de simplicidade, atualmente tem até loja em shopping caro.
Chega! Vou de outra, essa marca nunca mais!!!!
Vou é comprar aquele horror de crocks ( gosto é gosto, particularmente acho muito feias) ou uma pantufa de tigre, pelo menos estas não vão me deixar descalço quando eu mais preciso! Ou fabricante melhora ou entrega para outro! Fico aqui a me perguntar, será que ainda são feitas no Brasil ou já entregaram a fabricação para algum país asiático como quase todas as marcas de grife fizeram... Sei não.
Lembro da alegria do dia (raro e anual) de sair com pai e ganhar um par novinho daquela que não deformava, não tinha cheiro e, SOLTAVA as tiras. Era dia também de camisetas Hering brancas e uma calça Faroeste tudo comprado lá na rua dos Caetés A venda ? Casas Abdalla. Rua dos Caetés quatrocentos e dez!
Hering virou marca de luxo que nem a outra, calça jeans faroeste acabou e as tais, adeus qualidade. O lance hoje é durar pouco para forçar comprar outra. Me pega fácil mais não.
E tinha outras utilidades “domesticas”: Quem não carregou uma marca de chinelada nas costas ou na bunda de mãe brava com alguma travessura braba?
Então, vocês ficaram vivas nas lembranças de quantas gerações! Hoje, uma pena não serão mais lembradas seguirão quando muito para a reciclagem de quem usou tiver cabeça boa,.. Poxa vocês têm tudo para serem uma marca de mil anos, mas senão melhorarem a qualidade e honrar a propaganda de outros tempos estão fadados a se tornarem simplesmente um chinelo, nem sandálias serão mais! Sorte para vocês que um belo dia voltem a ser as únicas “que não deformam, não têm cheiro e não soltam as tiras”
Pensam que sou o único? Olha só o que encontrei no RECLAME AQUI “Em menos de 4 meses já troquei de Havaianas 3 vezes. Estou impressionado como a marca evoluiu, ganhou o mundo, virou sinônimo de moda, mas deixou a qualidade do produto cair assustadoramente. Desculpe, mas não consigo ver de outra forma. Em pouco tempo de uso as tiras simplesmente arrebentam do nada. Uma pena...Continuo comprando pois admiro a marca e gosto do seu estilo, mas em tempo de crise, está ficando difícil...” Este ainda parece que vai seguir comprando. Cada cabeça, um pensar.
Acho que vou montar um grupo dos insatisfeitos, vai arrebentar, que nem as tiras das tais sandálias.
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