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31/01/2023 às 08h00min - Atualizada em 31/01/2023 às 08h00min

O Carnaval dos anos 1940

ANTÔNIO PEREIRA
A partir de 1919, quando o grande agente executivo (prefeito) João Severiano Rodrigues da Cunha, fez o primeiro calçamento da cidade, na avenida Afonso Pena, entre as praças Tubal Vilela e Clarimundo Carneiro, o Carnaval de rua da cidade se tornou exuberante.
            
Como não havia clubes, os fantasiados isolados, os blocos e os cordões iam todos para esse trecho da avenida passear, dançar, cantar e brincar. Gente de todas as classes e cores, fantasias esplendorosas, grupos luxuosos, o corso entusiasmado, embora o preconceito se mantivesse aceso e vigilante. Nada de misturar negro e branco. Não obstante, era uma bela festa.
           
Nos anos 1940, a rua começou a esvaziar-se, a enfraquecer. Primeiro, por causa da guerra. Os moralistas se armaram e partiram pra cima dos foliões. A Pátria poderia, de repente, precisar da energia dos jovens que a estavam esbanjando na bagunça. Não houve corso. O comércio vendeu pouco. A gasolina estava racionada. Blocos e cordões precisavam tirar licença na delegacia de polícia. Por sinal que quase não saíram blocos e cordões e as fantasias isoladas desapareceram.
            
No Uberlândia Clube, o único que existia, e nos salões improvisados (oficinas, armazéns, cinemas etc) sobrou folião. A moral do patriotismo só funcionou na rua. A “nobreza” carnavalesca do Uberlândia Clube recrudesceu: Lord Irresistível (dr. Roosevelt Ribeiro), Lord Major (Vasco Giffoni), Lord Sempre Viva (dr. Sérgio de Oliveira Marquez), Lord Penacho (dr. Jacy de Assis), Lord Gigante (Isoldino), Lord Vidraça (Carlito), Lord Cearense (Arcanjo), Lord Caroço (Paulo Carneiro), Lord Pintadinho (Euclides R. Cunha), Lord Chimbica (João Bernardes), Lord Barriga (Said), Lord Espingarda (Álvaro), Lord Whisky (dr. Octávio Rodrigues da Cunha), Lord Beleza (Geraldo Rodrigues da Cunha), Lord Massa Bruta (Isac) e outros.
           
Até meados da década, a festa da rua foi vazia, fraca e seu movimento acabava às 22 horas, quando os carnavalescos iam para os salões.
           
Os ranchos de negros, Tenentes Negros, Turunas da Mauriceia Carnavalesca, Treze de Maio e Independente, eram os únicos grupos que saiam, mas foram desaparecendo, ano a ano.
           
O Carnaval da Vitória (1946) só foi bem comemorado entre quatro paredes. Na rua o desânimo se manteve. Só o 13 de Maio e o Independente saíram, assim mesmo, reduzidos e desanimados.
           
O jornal “O Repórter” afirmava que o Carnaval de rua estava acabado.
 
Fontes: Jornais da época


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