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10/01/2023 às 08h00min - Atualizada em 10/01/2023 às 08h00min

As balsas de antigamente

ANTÔNIO PEREIRA
O cronista PP, do jornal A Tribuna, na edição n. 985, de 25 de março de 1936, relaciona as fazendas existentes por posse na região de Uberabinha, em 1849: Rocinha, Monjolinho, São Francisco, Letreiro, Maribondo, Burity, Bebedouro, hoje chamada Sobradinho, Dias ou Martins, Machados, Capim Branco, Salto, Tenda e Estiva que requereram registro, após a saída da lei a respeito, em 1850.

O proprietário da fazenda Bebedouro (que foi registrada como Bebedor), construiu o Porto do Fundão, único meio de comunicação do distrito de Uberabinha com a freguesia do Senhor Bom Jesus da Ventaria (que hoje é Araguari). O nome sugere uma instalação aprimorada, mas era apenas uma balsa constituída por alguns pranchões amarrados em cima de três a cinco pirogas.

O cronista transcreve trecho de artigo de Teixeira de Sant’Anna, mas não diz onde foi publicado. Diz apenas que foi em 1908. Teixeira de Sant’Anna foi o nosso quarto Agente Executivo. Dizia ele sobre portos e outros assuntos:

“O Porto em frente à Aldeia de Sant’Anna, aberto pelos ascendentes das famílias Pereiras e Carrijos, servia para suas relações para com aquele lugar. O Porto do Registro, que fica no fundo da fazenda da Rocinha, aberto pela... (ilegível)... Anhanguera, nas terras conhecidas por “Aldeianas”, o qual serviu e serve até para as relações dos moradores da Rocinha com a mesma povoação da Aldeia de Sant’Anna, cujas relações são mais íntimas para esse lugar do que mesmo para Uberabinha. Quem morre na Rocinha é sepultado em Sant’Anna e tanto é certo que julgo não ter havido registro algum no cartório da cidade, vindo daquele lugar; o que mais tarde dificulta uma certidão de óbito. Dista da Rocinha para Sant’Anna, uma e meia léguas criadas. Aquele canto do município tem sido desprezado pelos poderes públicos, pois, nem cemitério para sepultar ali mesmo aos que morrem, nem tão pouco escolas para a educação da meninada. Portanto, seria de bom pensar dos senhores Fagundes municipais, criaram ali um cemitério e com atestado de óbito, assim mais dotarem aqueles contribuintes dos cofres municipais com uma boa escola, porque assim receberiam as bênçãos daquele povo.”

É interessante destacar que o Triângulo Mineiro recebeu fortes influências culturais, comerciais e de costumes do estado de São Paulo, em razão do seu isolamento do resto do estado de Minas. Isolamento este determinado pelos rios que cercam a região, por isso, tantas balsas num distrito primitivo que precisava tanto de Senhor Bom Jesus da Ventaria e da Aldeia de Sant’Anna do rio das Velhas (Araguari e Indianópolis).

Só nos princípios da década de 1921, o Agente Executivo João Severiano Rodrigues da Cunha mandou construir a estrada do Pau Furado e a ponte sobre o rio Araguari. Um dia, quem sabe?, Uberlândia ainda vai saber que o seu grande prefeito foi esse Rodrigues da Cunha, baixinho e brabo.
 
Fonte: Jornal A Tibuna


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