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20/12/2022 às 08h00min - Atualizada em 20/12/2022 às 08h00min

Os nossos pioneirismos

ANTÔNIO PEREIRA
Já tive a oportunidade de divulgar pela Imprensa alguns pioneirismos desta nossa terra pioneira. Como agora, neste início de 2020 (fevereiro), acabo de descobrir mais um, vou debulhar de novo o que já foi achado e o que estou achando agora.
 
Em 1963, apresentando na avenida o enredo Xica da Silva, a Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro montou uma ala de nobres que dançavam com passo marcado, o que era uma excrescência. O samba é improviso. Apesar do equívoco, a Escola foi reconhecida como a introdutora do passo marcado nos desfiles carnavalescos. Quando escrevi a História do Carnaval de Uberlândia, publicada em 2.007, fuçando nos arquivos dos jornais encontrei no “O Triângulo” de 10 de março de 1957, um artigo do Gastão Batinga, criticando o desfile das nossas escolas de samba. Um dos erros relacionados foi a dança com passos de balé, ou seja, marcados. Seis anos antes da pioneira. Pioneiros fomos nós.
 
O Dr. Longino Teixeira, médico, membro de família tradicional da qual fizeram parte cidadãos destacados como José Teixeira de Sant’Anna, Ladário Teixeira, Lauro e Lucília, escreveu uma monografia familiar contando o pitoresco casamento de seu pai. Consegui uma cópia e divulguei por artigos em vários meios, que o casamento de José Teixeira de Sant’Anna e d. Francisca Augusta da Fonseca foi o primeiro casamento civil realizado no Brasil. O casamento civil foi instituído no dia 24 de janeiro de 1.890 e entrou em vigor no dia 24 de maio do mesmo ano. Ora, o José Teixeira e a dona Chiquinha se casaram, com certidão de Cartório e tudo, no dia 14 de janeiro. Dez dias antes da sua instituição legal e meses antes de entrar em vigor. 
 
O grande líder negro, Abdias do Nascimento, no livro “O Quilombismo” (1980), diz que ele criou em 1944, o primeiro teatro de negros no país, o TEN (Teatro Experimental do Negro). Mexendo na coleção do jornal O Lábaro, de Monte Alegre, década de 1931, encontrei notícia da apresentação de um grupo teatral de negros de Uberlândia, o Centro Negro Theatral. Procurei nos jornais daqui e encontrei várias notícias sobre ele. O diretor era o Chico Pinto, irmão do Grande Otelo. Anotei essas informações e publiquei artigos no Correio de Uberlândia sobre esse pioneirismo. Posteriormente, o Correio de Uberlândia publicou nota creditando a outro autor esta descoberta. Engano, o outro autor foi buscar em artigos meus anteriores essa informação. Faltou citar a origem.
 
Lendo um livro sobre o transporte no Brasil, onde o autor, Stiel, informa que as primeiras estradas de rodagem no país, para veículos automotivos, foram a estrada do Vergueiro (São Paulo a Santos) e a União e Indústria (do Rio a Minas Gerais), ambas adaptadas em 1913 para automóveis, descobri que a primeira estrada não foi nenhuma dessas duas, foi a do Fernando Vilela, de Uberabinha a Monte Alegre, Tupaciguara, Ituiutaba e Alvorada, cujo primeiro trecho, Uberlândia a Monte Alegre foi inaugurado em 1912. Sobre isso publiquei recentemente o livro AS ESTRADAS PIONEIRAS DO BRASIL.
 
Por fim encontro notícia no jornal Paranahyba, de 1914, que a Lei municipal n. 169, estabelecia oito horas de serviço por dia para os operários da zona urbana. Projeto do vereador Júlio Alvarenga, maçom. Após a sanção, os operários foram até a sua casa em passeata para agradecê-lo. Ora, essa regulamentação só foi estabelecida pelo Getúlio Vargas em 1932. O Getúlio atrasou 18 anos, por aqui, já era assim. Só não acredito que tenham cumprido essa lei...
 
Há outros casos.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
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