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03/09/2022 às 08h00min - Atualizada em 03/09/2022 às 08h00min

O perigo da automedicação e das consultas com o Dr.Google

TÚLIO MENDHES

Conhece aquele ditado que diz “de médico e louco todo mundo tem um pouco”? Ele diz respeito ao conhecimento que adquirimos a partir das nossas experiências de vida, ou seja, ao que é senso comum. Mas gente, quando o assunto envolve fármacos, o buraco é mais embaixo, bem mais embaixo. Ou você ainda não conhece os perigos da automedicação?

 

Mas o que é a automedicação? Muito simples e perigosa, a automedicação é a prática de tomar medicamentos sem a orientação e a prescrição de um médico. Quando estamos ou “achamos” ter alguma doença, ignoramos a obrigação de procurar um médico, decidindo por conta própria usar medicamentos sem a devida e essencial prescrição médica. 

 

Nesses casos, normalmente a pessoa recebe recomendações de amigos, familiares ou até mesmo de farmacêuticos que indicam medicações sem prescrição médica. Cá entre nós... hoje em dia quando temos algumas dúvidas médicas, um dos primeiros lugares que procuramos as respostas é com ele, o Doutor Google. Ah não me diga que você nunca fez uma consultinha com o mencionado Doutor? 

 

A verdade é que diagnosticar problemas de saúde na internet, não é tão simples como encontrar uma receita de bolo. Ainda que muito eficaz, o Google não é um médico. É impossível pensar que o computador, software, substituirá um médico algum dia.

 

Imagine que você está indisposto, com intensa dor de cabeça e  com falta de apetite ou a conhecida entre os médicos hiporexia. Pois bem, a tentação é tão grande que você não resiste e novamente  marca uma consulta o Dr. Google, que por sua vez diz que você tem uma, duas ou até cinco doenças diferentes para os mesmos sintomas. Assustado, imediatamente você liga na farmácia mais próxima de casa e compra o “santo” remédio sem prescrição médica e então começa “tomar” diariamente. 

 

Na maioria das vezes, esse hábito é “justificado” por aliviar algum sintoma que esteja se manifestando. Além disso, esse costume frequentemente está ligado à forma de se viver: muita correria, muitos afazeres e pouco tempo disponível... assim a culpa é jogada para a senhora, falta de tempo.

 

Hum... tem um cenário pior que o primeiro. É quando a pessoa nem liga numa farmácia, mas liga pra vizinha, sogra, toma o remédio que foi bom pra cunhada da sobrinha neta, irmã da menina do Instagram que mora em Pindamonhangaba. Em outras palavras, a negligência é tão grande que a automedicação é compartilhada sem nada de preocupação com o outro e consigo mesmo.

 

Assim sendo, a automedicação é mais grave do que se imagina. Seja pela dificuldade em conseguir uma consulta médica, esse mau-hábito se torna um problema quando pensamos que sabemos mais que os médicos ou até mesmo por acreditar que conhecemos nosso corpo melhor que qualquer professor de anatomia. Sendo assim, não precisamos de exames para identificar qualquer doença.

 

Infelizmente, as pessoas não entendem o risco decorrente de que ao tomar remédios sem orientação médica, podemos colocar em risco nossa saúde, uma vez que não sabemos se realmente estamos com a doença determinada pelo Dr. Google ou pela dica #dazamiga, isso sem mencionar o perigo da dosagem. 

 

Pensamentos como: “Xíiii eu tô acostumado com esse remédio, faz tempo que eu tomo ele” ou então “Uai eu já senti isso antes, aquela vez que o Dr. Cicrano Campbell de Baumer Milani e Dupont me receitou, então vou tomar aquele que sobrou na outra cartela”.

 

Concluo com uma importante e preocupante informação. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ) mostrou que o Brasil é recordista mundial em automedicação. Para ter uma ideia, 72% de nós brasileiros se medicam sem prescrição médica.

 

A prescrição para esse problema é a compreensão  e o compartilhamento  das informações sobre o grave risco à saúde que a perigosa automedicação pode causar – infelizmente não se descarta a possibilidade de óbito. 

 

Por isso, se você sentir qualquer sintoma, dor ou febre desconhecida, procure imediatamente o médico. Afinal somente ele entenderá sobre o seu problema e poderá prescrever o melhor tratamento, levando em conta os resultados de exames solicitados e realizados, a idade, o peso, a altura, como se deve “tomar” ou aplicar o medicamento e duração do tratamento Sendo assim, até a próxima. Ah calma aí! Esqueci-me de lembrá-lo para não consultar com o Dr. Google, por mais inteligente que seja, ele não é médico. 

 

Agora sim... Até a próxima!


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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