Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.
Bertolt Brecht
Ocupo este espaço hoje com pesar e alegria. Pode parecer estranho, mas vou explicar. Também não vou me alongar muito, pois o momento exige reflexão e revisão de nossas vidas.
Perdemos uma das maiores figuras de nossa história política, senão a maior. Dr. Zaire Rezende nos deixou. Deixou-nos um pouco mais pobres de verdadeiros homens públicos. Órfãos ficamos de referências em uma classe que ultimamente só tem nos trazidos exemplos dissabores e horror. Gente baixa e sem escrúpulos. Para confirmar tal afirmação basta ler os jornais e assistir aos noticiários de televisão. Esqueçamos os malfazejos eles sumirão engolidos pela própria história. Pessoas como Dr. Zaire pelo contrário são eternos e jamais serão esquecidos. Afirmo com todas as letras, Uberlândia provavelmente (o que é uma pena) não verá um prefeito como ele. Claro que não foi e não será unanimidade, afinal o dito “toda unanimidade é burra” cabe bem aqui. Mas mesmo seus desafetos gaguejam sempre quando pronunciam seu nome. Já disse na rede que me faltam adjetivos para descrever este grande homem. Bastaria humanidade, humildade, honestidade, leveza, caráter, generosidade, caridosa, humana, benevolência, bem-intencionada, indulgente, misericordiosa, clemente, piedosa, caritativa, agradável, aprazível, afável?
Acho pouco e não quero perder tempo em buscar em mais. Não caberiam aqui. Ah, agora tem os que dizem para tentar diminuir a sua grandeza do homem público: “Sua segunda administração foi um fiasco”; seria bom não ser tão reducionista na forma de pensar. Uma oposição combativa, e um país em caos econômico seriam o suficiente para justificar a difícil situação da época. Mas, Dr. Zaire como estadista e democrata puro-sangue aguentou o rojão e sempre soube fazer autocrítica e nunca usou de meios escusos para obter domínio e fazer prevalecer sua vontade. Respeitava seus opositores, pois, segundo ele, é assim que tem de ser a verdadeira política.
Sou suspeito para falar tanto de Zaire? Sim, sou. Pois, como admirador e amigo, senti profunda dor por sua partida. Penitencio-me pelos encontros marcados que não fui assim como me regozijo dos tantos em que me fiz presente saboreando um bom uísque e ouvindo histórias por ele contadas.
Também não vou enumerar as tantas conquistas que Dr. Zaire trouxe para a cidade. Umas poucas: criou a Secretaria Municipal de Saúde e a Secretaria de Ação Social, antes fundidas em uma só. Antes dele, de saúde nem espirrando. Criou o primeiro Centro de Controle de Zoonoses do interior do Brasil que por muitos e muitos anos foi referência nacional, foi um forte e ativo defensor do SUS! Criou a Secretaria de Cultura, a de Agricultura, a Administração dos Distritos e tanto mais que por maior que seja o esforço de acabarem ou deformarem tais avanços, a essência permanece e o DNA criador de Zaire nunca se perderá.
Concluo com o triste feliz. Triste por perder o convívio e a certeza de um bom conselho, uma boa prosa. Coisa de pai e filho. Feliz por o saber eterno em Luz e de ter participado ativamente de suas administrações onde não tínhamos hora nem dia. Bastava convocar que largávamos tudo para atender ao chamado de um verdadeiro líder e que, além do exemplo, acreditava e valorizava aqueles que com ele caminhavam. Teve uma vida longa e produtiva, deixa um legado gigantesco e um exemplo de vida.
Descanse em paz grande figura. Que um dia ainda possamos ter outros como você. Uberlândia merece, o país merece! Você foi imprescindível todo meu carinho e eterna admiração! A saudade e sua falta serão permanentes.
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