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15/04/2022 às 08h00min - Atualizada em 15/04/2022 às 08h00min

Nobres edis e suas fantásticas invenções

WILLIAM H STUTZ
Cada dia que passa, mais impressionado fico com a grande atuação de nossos nobres edis. Como estão trabalhando! Fico cansado só de pensar. Claro, não são todos, mas alguns me surpreendem. Quando acho que já vi de tudo, lá me vem. Pois não é de ver que saiu aqui do DIÁRIO matéria votação “importantíssima”, que aprovou o Dia Municipal da “Incontinência urinária” em nossa cidade. Como nunca tinha pensado nisso? Talvez agora o poder executivo resolva em função do projeto colocar banheiros químicos por toda cidade e criar aplicativo de utilização aos moldes da Zona Azul. Quanto custará uma aliviada rapidinha? Tudo com o intuito de  facilitar assim a vida de quem sofre com este problema. Sim, sei e me solidarizo com quem passa por tal situação que, sem sombra de dúvidas, afeta a vida de muita gente, mas daí a criar um dia específico para o distúrbio me soa um tanto esquisito. Assim sendo, os senhores e senhoras vereadores(as) que enveredam por essa seara reducionista de agir, terão muito trabalho pelos próximos cem anos, pena que não avisam aos eleitores de que é para isso que estão lá. Antes de continuar acho importante destacar que, foram criados também recentemente o Dia Municipal do Influenciador Digital e o Dia Municipal do Cosplay. Acredite se quiser.

uro que nem sabia o que era isso. Assim, recorri ao Google, que me contou: “Cosplay é um termo em inglês, formado pela junção das palavras costume (fantasia) e roleplay (brincadeira ou interpretação). É considerado um hobby onde os participantes se fantasiam de personagens fictícios da cultura pop japonesa.” Essa sim é uma data porreta. Ainda não sei o motivo, mas juro que vou descobrir. 

Fiquei sabendo, também aqui pelo DIÁRIO, que houve uma grande discussão sobre a criação de outras datas municipais, como o “Dia da Consciência Humana” e da Semana Municipal da Consciência sobre a Monarquia.” 

Agora, quando o assunto é sério, como o real aumento de salário do funcionalismo público municipal e o valor do vale alimentação, seguindo ordens, são negados. Servidor público é trabalhador de segunda classe na visão da maioria dos vereadores. Além da revisão dos proventos de quem carrega a administração nas costas, foi solicitado pagamento retroativo a janeiro. Olha que absurdo, que insolência destes trabalhadores! Em discurso ensaiadinho ouvi de vários a mesma ladainha, sem mudança de ponto ou vírgula: “É inconstitucional gente. Ou aceitem isso que estamos lhes dando ou não vem nada!” Nada como um dia após outro ou, como sempre disse meu grande colega de trabalho Abadio durante anos: “Calma, atrás de morro tem morro...”

Retomando o trabalho secular que estes e os futuros edis terão, passo a lhes dar algumas sugestões. Juro, não cobro nada por tamanha assessoria. Já que começou a temporada, peço que antes eles leiam a carta elaborada em 2021 no Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas. Nela encontrarão farto material para preencher o tempo ocioso. 

Felizmente não são todos, não são todos que assim agem e existem aqueles poucos que realmente entendem a real importância do cargo que receberam das mãos do povo.

Ainda assim, depois de consultado o material, aproveito para dar alguns pitacos. É só darem um Ctrl C, Ctrl V nos projetos, inventar uma justificativa complicada e extensa, que ninguém irá ler e, voilá, mais um projeto aprovado para o currículo. 

Então a alguns eles: Dia Municipal da Unha Encravada (dói pra caramba e obriga o uso de sandália), Dia Municipal da Calvície (carecas sofrem muito), Dia Municipal da Vasectomia (serve para ajudar o controle de natalidade), Dia Municipal da Hemorroida (não poder se sentar é cruel), Dia Municipal da Azia (esse vai agradar montes), Dia Municipal da Flatulência (esse seria um dia dedicado ao meio ambiente). Porém, os melhores seriam o Dia Municipal da Frustração, o Dia Municipal da Indignação, o Dia Municipal da Paciência e, quem sabe até, o Dia Municipal das Bobagens que este pobre missivista se põe a escrever. Este último pode ser considerado um pleonasmo? Ah, é simples, da próxima vez não votem em mim. E, no mais, saio cantando João Bosco:

(...) Não põe corda no meu bloco
Nem vem com teu carro-chefe
Não dá ordem ao pessoal
Não traz lema nem divisa

Que a gente não precisa
Que organizem nosso carnaval
Não sou candidato a nada
Meu negócio é madrugada

Mas meu coração não se conforma
O meu peito é do contra
E por isso mete bronca
Neste samba plataforma  
Mas meu coração não se conforma(...)


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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