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19/03/2022 às 08h00min - Atualizada em 19/03/2022 às 08h00min

Quem vê Insta não vê coração!

DÉBORA OTTONI
Foto: Pexels
Sempre uso o Instagram como ferramenta para divulgação do meu trabalho e expresso ali o que acredito no sentido de valores, de conceitos e de virtudes necessárias para o desenvolvimento e crescimento pessoal. 

Costumo abordar com recorrência o tema sobre a beleza, falo da importância do autocuidado com a imagem, corpo e alimentação.

Neste último sábado, postei fotos nos meus stories de refrigerante e guloseimas dizendo que receberia visitas naquele dia. Logo em seguida, uma seguidora me chamou pelo direct para questionar meus hábitos. Me indagou se eu estava fazendo aquilo com frequência e em como aquelas imagens poderiam repercutir de forma negativa para com aqueles que acompanhavam o meu trabalho.

Achei válido usar esse ocorrido como exemplo para criar um conteúdo sobre as expectativas que criamos das pessoas através dos poucos segundos que visualizamos da vida delas. Isso pode ser perigoso não apenas no sentido de imaginarmos o outro como alguém perfeito, mas, principalmente, em como podemos nos frustrar ao usarmos essas figuras como referências para as nossas vidas.

Por vivermos em uma época na qual usamos de parâmetro o que as pessoas postam nas redes sociais para estabelecermos o que é sucesso e perfeição, corremos o risco de sofrermos com comparações que nós mesmos criamos pela incapacidade de ler a realidade tal como ela é.

Isto porque ignoramos o fato de que estamos acessando apenas um recorte da vida daquelas pessoas que assistimos pelos stories e julgamos conhecê-las pelos seus posts, vídeos, reels e fotos postadas. 

Muitas vezes nos inspiramos em pessoas que parecem ter vidas perfeitas, que são maduras, resilientes, vivem em uma constância de atividades físicas e mantêm uma alimentação invejável, que são fortes demais e não se abalam com qualquer dificuldade. E, por esse motivo, nos cobramos de forma desproporcional à nossa própria realidade.

Eu mesma, geralmente uso o espaço das redes sociais como extensão do meu trabalho, para expor o que já enfrentei, o que já passei e como consegui superar as dificuldades. Porém, os detalhes dos processos quase nunca descrevo. E, se os descrevesse, as pessoas leriam uma história escrita, muitas vezes, por choro, dor, tristeza e, em vários momentos, pela falta de fé.

Mas não é por acaso que, em grande parte, eu opto por não mostrar os bastidores ali nas redes. O faço porque sei que é muito mais frutífero contar para os outros que os problemas e dores existem e são comuns a todos, mas que, apesar de tudo, há sempre uma solução e uma maneira de enfrentá-los.

Porém, muitas vezes entendo que é necessária a exposição das minhas fraquezas para mostrar que não são poucas as vezes que penso, pensei e pensarei em desistir, que me desanimo também diante de uma dificuldade por algo que parece não ter solução. 

Em tempos de Instagram corremos o risco de nos rebaixarmos ao olharmos para os recortes da vida dos outros e nos compararmos com aquilo que achamos saber sobre ele. Preciso mostrar minhas debilidades porque por vezes uso as redes para postar a maior parte dos meus problemas já solucionados e a parte boa da minha vida. 

Não se enganem, sou humana também, eu choro também, sofro também, adoeço também. Eu sangro também. Expressar isso aqui para vocês é uma forma de relembrar minha humanidade e ao mesmo tempo de confortá-los.

Para dizer que está tudo bem se você cair e sentir dor.

E quando doer lembre-se que o sofrimento da vida é inevitável, mas, lembre-se também, que todo sofrimento tem um sentido.

Observe de forma sensível tudo o que essa situação de dor tem para te ensinar. Assim, você experimentará a possibilidade de crescer e de se alegrar com a dor. Sim, isso é possível! Sorrir no sofrimento!

Porque no olhar atento às circunstâncias e no coração que se prostra e reconhece sua impotência, nasce a verdadeira entrega àquele que está no controle de todas as coisas.

E neste encontro é impossível não conseguir sorrir a alma, ainda que em meio às lágrimas.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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