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01/07/2017 às 04h12min - Atualizada em 01/07/2017 às 04h12min

O pequeno ditador

ADRIANA KARIMI MANISH* | COLUNISTA

Estamos na era do proibido dizer não. Não podemos falar para os nossos filhos que isso não pode. Que ele não vai fazer isso, pois não é bom para ele, que aquilo vai prejudicar outras pessoas, ou que isso ele não vai comer, pois não é saudável.

Estamos falsamente transmitindo uma liberdade aos nossos filhos - as quais queríamos ter quando tínhamos a idade deles. E por muitas vezes notamos adultos com mentalidades de adolescente querendo inovar nos modos de educação e não querendo ser como seus pais foram. Nada errado em inovar, porém devemos aproveitar o que foi bom analisando como verdadeiros adultos, e não como crianças mimadas, que as limitações e escolhas que nossos pais fizeram e que por muitas vezes nos decepcionaram foram cruciais para os adultos que nos tornamos hoje.

O que se vê são adultos que passam a ser comandados por seus filhos e cedem totalmente aos seus caprichos. Crianças que acabaram de sair das fraldas, que não sabem pensar no amanhã que vivem o hoje. Já pararam para pensar quantas vezes cedeu aos caprichos, birras e vontades dos seus filhos apenas para ficarem livres? Isso a princípio parece ser um descanso, mas que mais tarde será arduamente cobrado.

Antigamente, parece frase de vó, mas vamos lá. Antigamente, bebíamos refrigerante apenas aos domingos, um litro era dividido por 5 a 6 pessoas e só. Todos os dias havia arroz e feijão e carne, se possível. E era o que tinha para comer e “não reclama menino”. Era assim. Hoje em dia temos uma facilidade gigante na alimentação, mas quem determina o que quer comer é a criança. E desde quando ela sabe o que faz bem para a sua própria saúde? Como disse, a criança pensa no prazer imediato, no hoje.

Atualmente 32,3% das crianças tomam refrigerante ou suco artificial 5 vezes por semana. Tanto o refrigerante como o suco artificial propagado pelas grandes marcas como sendo altamente saudável possui uma quantidade enorme de açúcar. E vários outros produtos como bolachas, balas, chicletes, frituras, fast food  fazem parte dessa alimentação que vem deixando nossas crianças desestimuladas e obesas, já que para ficarem quietas e não darem trabalho são colocadas em frente a uma TV com horas intermináveis de desenho ou com um tablet ou um celular na mão. Cadê a atividade física das brincadeiras? O desenvolvimento psicológico e criativo no ato de desenhar, de brincar e de interagir não virtualmente, mas ao vivo com outros seres vivos?!

Estar acima do peso aumenta as chances de desenvolver inúmeros tipos de câncer. Atualmente, a obesidade é considerada a primeira causa de câncer no mundo que se pode evitar, à frente inclusive do hábito de fumar, segundo informações do Observatório Global de Câncer – plataforma interativa da Agência Internacional para a Investigação do Câncer (da OMS). De acordo com o levantamento, 14 tipos de câncer estão relacionados à obesidade, entre eles, alguns bem comuns, como o de mama, útero e intestino.

A obesidade deve ser encarada como uma doença que precisa ser tratada. Não é uma questão de estar bem com o corpo, mas de uma saúde melhor.

Para dizer não ao seu filho, principalmente quando se trata de alimento, é necessário muito mais amor do que dizer sim. Dizer não e ver seu filho chorando dói muito mais nos pais. Os filhos esquecem rapidinho. E hoje essa tecnologia pode ser usada a nosso favor na hora de explicar os motivos os quais eles devem ou não comer certos alimentos. E o que é mais bonito no ser humano é que nossos filhos são melhores e mais capacitados do que nós naturalmente. Então não subestime a capacidade do seu filho de entender. E gaste um tempo explicando e fazendo-o comer de forma saudável. Te garanto que será menos tempo do que vai gastar em médicos e hospitais.

Essa árdua tarefa de impor limites é um amor verdadeiro!

(*) Gestora de Qualidade

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