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08/02/2022 às 08h00min - Atualizada em 08/02/2022 às 08h00min

A interventoria no Aeroclube

ANTÔNIO PEREIRA
Pilotos do AeroClube Uberlândia
Uberlândia instalou o primeiro Aeroclube do interior do país.
 
As eleições de 1942 para a direção do Aeroclube estavam complicadas, sempre questões políticas. O Ministro da Aeronáutica, Dr. Salgado Filho, resolveu cassar o mandato do presidente Nelson Cupertino, comunista de carteirinha, e nomear Tito Teixeira interventor.
 
Cupertino, comunista de carteirinha, era o presidente. Era candidato à reeleição. A época era de guerra e o Brasil que, no início, pendia para o nazismo, acabou virando o disco e entrando na guerra ao lado dos aliados. O candidato à reeleição, Cupertino, representava um perigo, seus adversários tentaram lançar o Tito Teixeira na briga. Teixeira não aceitou. Vai, não vai, convidaram o prefeito Vasco Giffoni que aceitou porque foi escolhido por consenso. Em respeito à candidatura do prefeito, Cupertino retirou-se da campanha. Mas os comunistas não aceitaram sua saída e o Giffoni, em razão da perda do consenso, também retirou a sua. Ficou aquele ninho de gato.
 
O Ministério interveio, cassou o Cupertino, como já foi dito, e nomeou o Teixeira.
 
Foi um período difícil. Além de não ter meios financeiros porque ninguém pagava suas mensalidades, armou-se um complô para desestabilizar a gestão do interventor. Teixeira resistiu o quanto pôde às invectivas contra sua administração até que um dia não aguentou mais. Foi ao Rio e pediu ao presidente do Aeroclube do Brasil a sua demissão. Lá, já se sabia das armações contra o interventor e o próprio ministro não aceitou sua saída e deu retaguarda à continuação do seu mandato.
 
Tito voltou reforçado, mas, aqui, nada mudou. O Aeroclube mantinha-se com aluguéis dos aviões para viagens particulares que alguns poucos pilotos já formados atendiam, sem interesses pessoais. Só para ajudar o Clube.
 
Mais para o fim de sua gestão, foi anunciada uma visita do presidente do Aeroclube do Brasil, Dr. Roberto Pimentel, a Uberlândia. Tito Teixeira organizou uma bela recepção, convidou autoridades e os Aeroclubes regionais que o atenderam e esperaram, com seus aviões à margem da pista, a chegada da autoridade.
 
Era tanta a pressão de seus inimigos que Tito Teixeira achava que o presidente do Aeroclube vinha demiti-lo ou admoestá-lo, pelo menos. Ao contrário, o homem veio para reforçar o seu apoio. Na residência do Tito, recebeu uma comitiva que vinha com um abaixo assinado pedindo o afastamento do interventor. De modo delicado, mas firme, o Dr. Pimentel disse-lhes que era simples: era só ir ao Rio avistar-se com o presidente Getúlio Vargas e pedir-lhe a demissão do ministro da Aeronáutica, Salgado Filho. Só com a queda do ministro, cairia o Tito Teixeira.
 
Ainda no ano de 1942, formou-se a primeira turma do mandato de Tito Teixeira. A turma, numa delicada homenagem, chamou-se “Nelson Cupertino”, cujos pilotos brevetados foram: Custódio Pereira Filho, Joel Silva, Diomar de Menezes, Rafael de Freitas,  Dalmo Rugani, Newton Neves, Aristeu Krempel, Alibrando Rugani, Mário Cupertino, Carlos Vilela de Andrade, José Terra e Nicodemos Rezende.   
 
Com o Tito Teixeira ainda se formaram mais duas turmas.        
 
Fonte: Durval Teixeira

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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