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04/02/2022 às 08h00min - Atualizada em 04/02/2022 às 08h00min

Entre casos e poemas

WILLIAM H STUTZ
Rifa
Me contaram dia desses outra vez, a história da rifa do burro morto. História antiga, já sem dono, cada um de um jeito conta. Talvez muitos a conheçam. Reconto aqui. Pode ser novidade para outros tantos.
 
Aconteceu, dizem, lá pelas bandas de Estrela da Barra, hoje Vila Triângulo que fica de cá do rio, em Minas. De lá está Santa Albertina. Travessia só de balsa.
 
Tarde à toa de domingo moçada a passear sem muito o que fazer, toparam com fazendeiro arrastando burro morto para enterrar. Logo um mais chegado às espertezas de dinheiro fácil ganhar, pediu o burro dado.
 
O fazendeiro velhaco e desconfiado perguntou o motivo da querência.
 
- Rifar o bicho só isso. Fazemos cem números a vinte contos cada e corremos a rifa do burro.
 
- Mas o bicho tá morto moleque, você acredita que ninguém vai reclamar?
 
- Reclamar vai, mas só aquele que ganhar o sorteio. Ai a gente devolve o dinheiro dele e pronto. Resmunga um maldizer da pouca sorte se dá por justiçado satisfeito. E nós ainda ficamos com bons trocados para o fim de semana que vem.
 
E assim se fez. Mineirice.
 
Precisa-se
Precisa-se de integridade, fidelidade, justiça, amor.
Precisa-se de alegria, sorriso, carinho, humano calor.
 
Carece-se de amizade pura, sincera, segura
Carece-se de paz, harmonia, leveza, ternura
 
Necessita-se de carinho, ombro, aconchego, paixão
Necessita-se de pele, cheiro, perfume, tesão
 
Busca-se amparo verdadeiro, luz, um caminho, destino
Busca-se porto seguro, companheirismo, folguedo de menino
 
Se puder em algum momento ceder tamanha tentação, enfrentando tantos, tantos inevitáveis nãos, do fundo d'alma,
meu destino de criança, amando seguro em total e perdida paixão,
deixo feliz em suas carinhosas/generosas mãos.
 
Primeiros anos
No começo nada havia. No ar apenas ondas de rádios, televisões e, claro, cinzentos satélites espiões. Estática sem estética. No começo quase nada nos céus. Nada muito além do azul, de aviões de carreira, aves migratórias, balões de São João e fogos de artifício. Azáfama pólvora.  No começo a solidão das letras, presas em livros, jornais e revistas por vezes, como pão esquecido, mofavam. Querendo ganhar mundos e fundos. Pacientemente em apertados tipos, capas e sebos, alguns às traças outras às moscas, aguardavam.
 
Era apenas o começo. As mudanças estavam por vir. Óvulo fecundado, vida nova criada, sem percalços ou interrupções o caminho seria um só: o despertar, o nascimento, o soar das trombetas, fartamente anunciadas em bem elaboradas e coloridas filipetas. Pierrot a sorrir. Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potestades, Virtudes, Principados, Arcanjos e Anjos, muitos Anjos em revoada silenciosa migraram, éter-luz. Destino: novas nuvens de silício e bits, cyber-céu.
 
Nuvens aos poucos povoadas por uma gente diferente. Nem tão gente, nem tão anjo. Gente-sentimento, gente-luz. Gente criadora de sonhos e caminhos. Alquimistas das letras a lapidar incessantemente a pedra filosofal da imaginação, um eterno transmutar de tudo em letras, emoção e calor.
 
Do começo, apenas lembranças, nesse ninho de condensados elementos habita o povo-anjo, nada mais será como antes, pois lá, naquele cantinho seus habitantes são forjados em brilhante/nobre metal, forte fibra.
 
Gente literata, gentil, cordata. Anjos? Claro que sim, mas estes, caro amigo, forjados em mística bigorna e martelo, da mais pura e fina Prata.

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
 
 
 
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