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28/08/2021 às 08h00min - Atualizada em 28/08/2021 às 08h00min

Confesse, você está mentindo!

DÉBORA OTTONI
Divulgação
Uma das coisas que mais percebo nos meus atendimentos clínicos, é o quanto o ser humano se esconde atrás de mentiras para justificar suas escolhas. Fazem malabarismos tentando enganar o seu próprio juízo para, de alguma forma, se sentir confortável com a sua “verdade”.

Muitas vezes, esse movimento sequer acontece de forma consciente e deliberada. Neste caso, mentira, o autoengano, já se tornou um cacoete moral, um vício, um mal que adoece o indivíduo. Sim, a mentira adoece, porque, quanto mais você se afasta de quem você é, quanto mais você nega a verdade que circunda os seus desejos, maquiando suas verdadeiras intenções, mais neurótico você se torna.

O neurótico não consegue reconhecer a realidade porque não é capaz de confessar os próprios movimentos que acontecem dentro dele.
Uma das ferramentas mais importantes para o ordenamento emocional, é a verdade. É trazer o juízo à tona através da confissão sincera dos erros, intenções e reais motivações por trás de cada ação.

Sem sinceridade e confissão nunca alcançaremos as virtudes necessárias para lutar contra o nosso homem corruptível. A incapacidade de reconhecermos os nossos erros é um caminho vicioso de afago à prepotência cega do nosso ego.

A permissividade com a nossa fraqueza só antecipa a decadência da nossa humanidade. A romantização da imaturidade, a relativização da imprudência e a condescendência com o mal, nos aprisionam a um estado de depravação moral que afeta nossa capacidade de agir de forma íntegra na realidade.

E é por isso que sofremos com o desgoverno da nossa alma, com a miséria do nosso intelecto e com a arrogância da nossa ignorância. E é por isso que nos achamos capazes de julgar aqueles que possuem a nossa mesma natureza de homem caído e carente da Graça Divina.

A sinceridade precede a confissão. Sejamos sinceros ao assumir que somos diariamente guiados pelas nossas más inclinações. Somos mentirosos sim, somos invejosos, fofoqueiros, preguiçosos, maledicentes, vaidosos, arrogantes, imaturos, fracos e traiçoeiros.

Quem não assume e conhece os seus mais profundos pecados, é incapaz de enxergar a si mesmo e, assim, nunca será capaz de enxergar o outro e aceitá-lo como realmente é.

A palavra sinceridade tem origem na história dos escultores desonestos de Roma. Quando esculpiam uma estátua de mármore com pequenos defeitos, usavam uma cera especial para ocultar essas imperfeições de um modo que o comprador não as percebesse. Com o tempo, as falhas apareciam e os compradores descobriam que era uma escultura “cum cera”. Os escultores honestos faziam questão de dizer que suas estátuas eram “sine cera”, ou seja, perfeitas, sem defeitos escondidos.

Sem percorrer o caminho da sinceridade e da confissão, não passaremos de enganadores, desonestos e traidores, tentando disfarçar as nossas falhas que, com o tempo, nem a mais cara das ceras, sustentará a mentira por detrás de nossas esculturas.

Para SER a ponto de atrair, influenciar e transformar o outro, é necessário desenvolver a VERDADE como virtude primordial em sua vida.

Faça o exercício diário de praticar a sinceridade minando as mentiras e desculpinhas habituais. Se não pode deixar seu celular sem senha porque seu parceiro pode ver o que não deve, você é escravo de suas mentiras. Corte as conversas inconvenientes e os papinhos "inocentes". Se ainda não saiu de casa e não está a caminho do destino, não envie a mensagem: "tô chegando!". Não responda o que o outro quer ouvir cumprindo o protocolo do politicamente correto para ser aprovado e aceito. Parece besteira, mas essas pequenas atitudes geram uma força imensa, pois a verdade traz consigo a liberdade. Poder escolher SER VOCÊ sempre, te tornará forte e virtuoso. Sem perceber, a verdade será incorporada à sua personalidade naturalmente.
Fortaleça sua personalidade, molde o seu caráter cultivando a virtude da VERDADE e, assim, terá uma mente sã!
 

Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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