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07/08/2021 às 08h00min - Atualizada em 07/08/2021 às 08h00min

Mentes perigosas

Alexandre Henry
Algo recomendável para a própria sobrevivência é tentar aprender quais são os tipos de personalidades perigosas, daquelas que podem fazer muito mal. Aliás, não só saber quais são essas personalidades, pois isso até que é bem fácil. Essencial mesmo é você conseguir identificar quem carrega marcas dessa natureza.
 
Antes de mais nada, tome como premissa o ditado segundo o qual quem erra uma vez pode nunca mais errar, mas quem erra duas vezes tem grandes chances de seguir errando ao longo da vida. A pessoa que traiu o marido ou a esposa uma vez talvez nunca mais faça isso. Tem gente que realmente se arrepende, seja por culpa ou por descobrir que a experiência não foi aquilo que ela esperava. Quanto aos crimes, sucede da mesma forma. Todo mundo está sujeito a cruzar a linha da legalidade ao longo da vida. Assim como o adúltero, a experiência pode ensinar que aquele caminho não era o melhor e a falha não se repetiria.
 
Por que eu digo isso? Porque, caso você identifique um comportamento patológico em alguém, observe se aquilo é recorrente ou não. O colega de trabalho dar um escorregão com você uma vez não é sinal de que ele é uma pessoa ruim. Agora, se ele fez parecido com outras pessoas ou mais de uma vez com você, então há uma grande chance de não ter sido um ato esporádico e, sim, uma rotina de vida.
 
Quanto aos comportamentos patológicos, um que já me fez sofrer é o da pessoa que tem mania de perseguição. Eu não sei nomear corretamente essa falha de caráter em termos psicológicos ou psiquiátricos, sei apenas que ela faz tão mal para a própria pessoa quanto para os demais. Funciona mais ou menos da seguinte maneira: o sujeito acha que determinada pessoa o está perseguindo de alguma maneira (tentando tomar o emprego dele, a namorada, o carro etc.) e, mergulhando nessa fantasia doentia, arruma um jeito de contra atacar antes que o pior aconteça. Basicamente, o que costuma acontecer é a outra pessoa não ter feito e nem ter intenção de fazer nada contra o maluco, mas acabar sendo perseguida por ele a partir das fantasias delirantes que reinam na cabeça do sujeito. Sofri demais com isso por conta de um cidadão que pauta a vida dele a partir desse tipo de conduta. Aí, vale o que falei no começo. Ele pegou no meu pé uma vez e eu já sabia que não era algo esporádico, pois ele tinha feito o mesmo com três pessoas conhecidas. Naquele momento, entendi que eu não sofreria apenas um ataque e, sim, inúmeros. Não deu outra: já são mais de quinze anos e, volta e meia, ele ainda se lembra de tentar me atingir.
 
Outro comportamento perigoso, que costuma estar associado ao anterior, mas também pode aparecer isolado, é o da pessoa que só consegue viver se estiver em estado de permanente conflito com alguém. Conhece alguém assim? É aquele tipo de pessoa que, em regra, sempre tem um alvo do momento, alguém que é seu inimigo mortal e que precisa ser combatido. Estar em conflito, sentir que está lutando contra algo ou alguém, parece ser o combustível imprescindível para esse tipo de pessoa viver. Na paz, ele não é ninguém. Na guerra, ele se sente útil, importante, vivo.
 
O grande problema é que, na vida, a gente passa a maior parte do tempo na boa convivência com outras pessoas. Eventualmente, há alguma rusga aqui e acolá, mas o normal é você ser feliz no seu canto, sozinho ou com gente amiga. Um ser humano com tal traço de personalidade acaba tendo um comportamento tóxico que contamina o ambiente onde ele está, transformando qualquer jardim em um campo minado. Não há um só dia sem que esse tipo de gente passe sem agredir outra pessoa.
 
Eu poderia enumerar vários outros comportamentos doentios, mas fico apenas com mais um por hoje. Já falei sobre ele aqui: o mentiroso compulsivo. Mente tanto que acaba acreditando no que diz e pensa, ainda que não tenha qualquer lastro na realidade. O grande problema de gente assim é, obviamente, que você nunca sabe quando a pessoa está mentindo e quando ela está falando a verdade. Isso cria uma insegurança na relação que não permite se sentir seguro diante daquele sujeito, muito menos ter confiança nele. E qual relação é saudável quando você não pode confiar no outro? Nenhuma.
 
Passe a reparar em quem está ao seu redor. Sem paranoia, claro, ou então você se tornará alguém com a primeira patologia que citei. Lembre-se de que apenas uma minoria tem esses defeitos. Mas, não se esqueça de que há gente que é assim e é dessa gente que você deve, na medida do possível, guardar uma boa distância de segurança.

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