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17/07/2021 às 08h00min - Atualizada em 17/07/2021 às 08h00min

Deus é bom!

IARA BERNARDES
REPRODUÇÃO/INTERNET
Estou aqui ouvindo o Rosário e comecei a refletir o quando Deus é meu sustento, é Aquele a quem eu recorro nos momentos difíceis e o primeiro a ser lembrado nas glórias. Eu podia simplesmente ter escrito sobre qualquer coisa: a festa junina da escola, o início das férias, o surto de COVID nas escolas, o quão as pessoas são vitimistas e não querem assumir a responsabilidade pelos seus atos, e te falo, essa semana eu tinha uma lista extensa de possibilidades, mas eu quero falar sobre Ele, sobre o quanto eu sou espiritualmente socorrida diariamente e de onde isso vem.
 
Fui uma criança sempre presente nas missas de domingo e me recordo com clareza de minha mãe, eu e meus irmãos nos preparando para o ritual semanal: banho, roupa de missa e uma mulher que carregava seus três filhos rumo à formação espiritual. Naquele lugar eu dormi durante o sermão, aprendi hinos e louvores, me chateei com as coisas ouvidas e não assimiladas e não consegui, por muitas vezes, compreender que ali estão também pecadores com todas as suas falhas, mas uma enorme disposição de estar mais perto de Deus.
 
Estar na igreja absolutamente toda semana não era legal, nem divertido, mas era imposto e necessário. Com isso, aprendi que o primordial não se aprende com festas e falsos amigos, mas com aqueles que lhe são mais caros: nossa família, que de tudo faz para salvar nosso corpo e nossa alma.
 
Aprendi também que o que vivemos na infância pouco faz sentido naquele momento, no entanto, aquilo que se carrega para vida adulta e ao legado é infinitamente mais necessário que ceder a pedidos infantis para permanecer em casa num dia de domingo e, por isso, sou imensamente grata à minha mãe por ser sempre tão chata e impositiva e ao meu pai por nunca sugerir que ficássemos em casa com ele (meu pai não é católico, então não participava desse ritual diretamente) ou por desmerecer a vontade da dona Elisabeth de nos tornar tementes a Deus.
 
Na adolescência, transitei por muitas igrejas e doutrinas, por vários momentos me encontrei confortável em igrejas protestantes, centros espíritas e imensas igrejas repletas de imagens de Santos, buscava incessantemente encontrar meu caminho espiritual, entender o chamado do Altíssimo ecoante dentro de mim e de tão perdida que estava, ia me encontrando aos poucos, no silêncio do meu quarto, nas lágrimas abundantes, nos pedidos de socorro e conforto. Nunca acreditei que havia sido abandonada por Deus e em cada crise de ansiedade, depressão ou caminho tortuoso, mais a Sua presença era percebida por mim.
 
Já adulta, o caminho contrário foi sendo traçado, o retorno inevitável de uma infância bem vivida foi se concretizando e passei a entender tantos pontos da Igreja ainda incompreendidos por mim e que permeavam meus pensamentos. Então a Palavra começou a fazer sentido e, mais uma vez, o mérito inegável e de meus pais, aqueles que sempre me guiaram pelo caminho do bem.
 
Com isso, não posso deixar de refletir o quanto a formação espiritual, casada com uma formação moral consistente e objetiva, se faz necessária na infância, pois o retorno às origens é inevitável, a busca pelo pertencimento da primeira fase de nossas vidas é algo vital para que consigamos caminhar enquanto adultos.
 
Não significa que estamos fadados a buscar o pertencimento, porém esse chamado é forte e necessário e ressignificar vivências infantis, traumas, experiências satisfatórias e acolhimento - ou abandono – familiar é algo natural da nossa raça e na segunda fase da vida podemos optar por encarar tudo isso com maturidade e sensatez ou vitimismo e tristeza.
 
Sendo assim, é imprescindível que revejamos AGORA nossa conduta com nossos filhos, sabendo que o caminho de retorno deles é inevitável e cabe a nós construir a base forte para que quando isso acontecer eles saibam que o processo de voltar é também uma maneira de saber como seguir em frente. Por isso, sugiro fortemente que coloque Deus como seu guia e principal aliado nessa tarefa, pode ter certeza de que o acolhimento e ouvidos atentos nunca faltarão a ti e aos teus enquanto estiver com Ele (quando não estiver também, pois Ele estará contigo, mesmo você pensando que não.)


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