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11/06/2021 às 12h54min - Atualizada em 11/06/2021 às 12h54min

Compulsão por compras!

KELLY BASTOS (DUDI)
Foto: Pexels
Bom dia!
 
...geralmente é acompanhada de ansiedade e depressão, diz a nossa consultora e colaboradora, Eliana Alves Pereira, psicóloga!
 
Entenda melhor o problema e o que diferencia a compulsão da simples vontade de comprar.
 
Falar sobre compulsão por compras é realmente muito empolgante. Mas, para começar, é importante deixar alguns conceitos claros: sabemos através de estudos da psicologia que nos auto afirmamos satisfazendo duas necessidades opostas: a necessidade de sermos aprovados, amados e aceitos e a necessidade oposta de conquistarmos, dominarmos e conhecermos.
 
No processo de amadurecimento normal da personalidade deve haver a satisfação equilibrada destas duas necessidades. Mas, nem sempre isto ocorre. Há pessoas que não foram aprovadas ou amadas o suficiente em determinadas fases importantes da vida, e então se deslocam para o outro polo da autoafirmação suas necessidades: a conquista. E a compra não raro é uma forma desta compensação. Eu compro, eu posso, eu domino!
 
Não podemos esquecer ainda que vivemos em uma sociedade que está na era da "economia de mercado", em que o ser humano vale pelo que produz ou por seu poder de compra. Uma sociedade totalmente voltada ao consumo, com o consumismo comunicado por todos os veículos de mídia e basicamente já incorporado como um "valor" social.
 
Essa introdução se faz necessária para diferenciarmos o prazer em comprar e a compulsão nas compras.
 
Mas, o que é a compulsão por compras? Perguntamos para a profissional. Existe um prazer genuíno em comprar algo que satisfaça nossas necessidades ou mesmo que esteja relacionado a um desejo ou um sonho, desde que dentro de um juízo de realidade.
 
Deve, portanto, produzir prazer e satisfação. Já na compulsão por compras, não existe a satisfação de uma necessidade e nem de um desejo. Na compulsão por compras existe um impulso doentio para consumir sem qualquer objetivo específico ou necessidade, não é acompanhada de prazer, ao contrário, seguida posteriormente de sentimento de culpa. É compra por impulso.
 
A compulsão por compras é tratada juntamente com os demais distúrbios de impulso e é considerada um distúrbio quando produz um sofrimento ao paciente, tanto desconforto psíquico quanto ao acarretar prejuízos financeiros e pessoais e interferir nos relacionamentos afetivos e familiares. “Tenho pacientes que gastaram mais de oitenta mil reais em basicamente "nada", comprando compulsivamente”
 
Que outros sintomas aparecem com esse problema? Uma compulsão pode vir acompanhada de pensamentos obsessivos ou não. Uma característica muito importante é que as compulsões podem mudar de "objeto". Explicando melhor: uma compulsão por compras pode se associar ou se transformar em compulsão por comida ou compulsão por jogo e assim por diante.
 
A compulsão por compras vem sempre acompanhada de ansiedade, quase sempre acompanhada de depressão - são o que chamamos de comorbidades. Podem existir excessos nos períodos de euforia ou de mania nas pessoas com transtorno bipolar, mas não podemos caracterizar como compulsão. Encontramos a compulsão em portadores de Transtornos Obsessivo-Compulsivos.
 
Qual o tratamento para quem tem esse problema? Existem diversas abordagens terapêuticas eficazes, desde o uso de modernos fármacos específicos da classe dos novos antidepressivos, alguns ansiolíticos também podem ajudar.
 
Acompanhamento psicoterapêutico com formas de terapia cognitiva-comportamental tem se mostrado bastante eficaz quando combinada com tratamento psiquiátrico. Muito importante salientar o apoio familiar para a superação do problema, ao invés de uma postura crítica e discriminativa.
 
Finalizando, a psicóloga orienta que todos nós, adultos, temos condições de analisar nossos comportamentos, e, se for o caso de concluir “Sim, estou dentro dessas características citadas”, procurar ajuda o mais rápido possível, para que essa “compulsão” seja tratada e o bem-estar fazer parte de seus dias!
 
Bom fim e boa semana!
 

  *Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia. 
 
 
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