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07/05/2021 às 18h22min - Atualizada em 07/05/2021 às 18h22min

ACEITAÇÃO X JULGAMENTO

DÉBORA OTTONI
Foto: Reprodução/Internet
Se tem algo inevitável nessa vida, é o julgamento das pessoas sobre nós! Não há como fugir, seremos sempre alvo da língua maledicente. Se você sofre com isso, certamente é porque sente necessidade de aceitação por parte dos outros. Pessoas assim são motivadas a agir em busca de admiração e, dessa forma, acabam se esforçando incansavelmente para mostrar virtudes e qualidades, quase sempre inexistentes em sua personalidade.

No entanto, é indispensável compreendermos que o outro conhece apenas recortes de quem somos, que ele nos avalia e nos enxerga com uma lente própria, moldada por suas percepções, formas de processar valores, crenças e limitações. Por isso, nos julga conforme acha ser o certo.

Dessa forma, não temos que nos justificar e nos explicar para o mundo buscando validar e provar para todas as nossas ações, a nossa verdade e quem realmente somos. Não importa o quanto queiramos e desejemos nos defender, o outro escolheu pensar assim e é um direito que ele tem. O nosso papel é, simplesmente, aceitar.

Quando essa verdade passa a se tornar uma realidade em nossas vidas, percebemos o quanto sofremos desnecessariamente quando cobramos do mundo que ele seja justo, nos aceite e funcione como queremos.

Somente uma pessoa madura respeita, aceita e entende as escolhas do outro sem julgá-lo, sem difamá-lo e sem cobrá-lo de pensar e agir diferente. Isso porque ela conhece a sua verdade e sabe quem ela é: tão deficiente quanto o outro, em um maior ou menor grau.

Por outro lado, a pessoa imatura alimenta o fetiche de constante aprovação e, muitas vezes, assume uma postura de injustiçada e se apossa de intolerância quando o outro age de forma oposta à expectativa por ela gerada, pois pressupõe o que o outro deve pensar e falar a seu respeito.

Quem somos nós para achar que podemos controlar como o outro nos vê? Quem somos nós para reivindicar que falem bem e nos aceitem sempre? Ironicamente, à medida que cobramos aceitação, podemos nos tornar os mesmos julgadores tão repudiados por nós.

Precisamos nos atentar para o fato de sermos limitados e, não muito raro, reduzimos o outro a uma leitura cheia de inferências, de uma perspectiva própria, do nosso mundo e da nossa própria imaginação!

É de tamanha prepotência ocuparmos o lugar de julgador da vida alheia, porque supomos saber o que o outro é, pensa e sente, apenas por termos acesso a minúsculos recortes, fragmentos de memórias (que não passam de ilações) e fatos de sua vida. Isso não é suficiente para traçarmos o perfil de alguém.

Tão óbvio, mas tão ignorado...

Não convivemos, não conhecemos na integralidade, não sabemos metade da sua história, mas, JULGAMOS!

E nos achamos suficientemente aptos para isso. E desconsideramos sua caminhada, suas subjetividades, suas potencialidades e, por fim, desconsideramos a sua humanidade. Sim, a sua humanidade! Ora, o ser humano é dotado de possibilidades. Ele é um eterno VIR-A-SER. Está em constante transformação. E muda-se para o bem quando em contato com os estímulos e elementos certos. Se eu não tenho capacidade de enxergar isso no outro, apenas o objetifico e superficializo minha relação, pois ignoro a condição de transcendência daquele ser.

É de uma limitação imensa e de um imaginário extremamente empobrecido, dizer: “Fulano é egoísta”, porque agiu, falou ou fez algo em um determinado contexto. Pensar que aquela pessoa “estacionou” ali, naquele ponto da ação e se resume a isso, é assassinar uma biografia e confessar a incapacidade de acreditar que existe algo muito maior, que o impulsiona em busca da bondade, da verdade e da beleza.

Se para você é inconcebível que o outro pode se transformar e se tornar uma pessoa melhor, na verdade, é VOCÊ quem está estagnado e totalmente desprovido de recursos para evoluir e crescer.

Lembre-se, sempre seremos julgados, mas julgar, não cabe a você.


Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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