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13/03/2021 às 08h34min - Atualizada em 13/03/2021 às 08h34min

Cannabis! É preciso falar sobre

TÚLIO MENDHES
Nesse quase três anos, temos esse compromisso aos sábados, onde compartilho experiências e conhecimentos através dos nossos papos saudáveis. E no decorrer desse convívio, venho expressando meu apreço por uma das drogas mais polêmicas da atualidade, a Cannabis-sativa. Sim, é ela mesma, a maconha. Acredito e compartilho que sua legalização para fins adequados, representa um avanço para a medicina. Afinal, sua eficácia médica dá-se por conta de sua semelhança com substâncias que o nosso organismo produz, justamente por se ligarem aos mesmos receptores que elas, localizados no nosso cérebro e no corpo. Ela é riquíssima em Canabinol, Canabigerol, Canabichromene, Ácido Tetrahidrocanabinólico, Canabidivarina, Ácido Canabidiólico, Tetrahydrocannabivarin.
 
O CBD (Canabidiol) é frequentemente recomendado por não oferecer efeitos psicoativos. Ele é eficaz no tratamento de diversas patologias, por exemplo, a epilepsia reduzindo as crises convulsivas. É uma substância que age nos receptores canabinóides do cérebro, tratando também as crises de espasmos em pacientes com esclerose múltipla. O CBD pode ser administrado em óleo, spray e até fumado. Porém não existe um consenso de qual método é o mais efetivo. Sabemos que no Brasil o mais usado é a através da extração do óleo.
 
O CBG (Canabigerol) por sua vez vem ganhando atenção por suas propriedades antibacterianas, antimicrobianas, anti-inflamatórias, anticonvulsivas, sedativas, antitumorígenas, e por reduzir a pressão intraocular. O Canabigerol é capaz de estimular o apetite, uma vez que nós, pacientes diagnosticados com doenças graves ou crônicas, geralmente temos a sensação de fome reduzida, justamente pelos sintomas indesejados provenientes de cada doença. Eu por exemplo, vivo com delicados episódios de perda de apetite durante semanas, onde consigo ingerir apenas água, leite e às vezes sucos. Minha doença associada à administração da extensa lista de medicação que uso, causa-me insuficiência de peso, anemia grave que muitas tenho que fazer transfusão de sangue, e também causa distúrbios hidroeletrolíticos (água e eletrólitos). Se eu tivesse autorização legal para usar Canabigerol (CBG), acredito que eu teria uma potencial melhora em boa parte das minhas patologias, afinal, comida é vida!
 
O CBC (Canabichromene) é um canabinoide não psicoativo, que pode auxiliar no tratamento de algumas patologias como o câncer podendo ser eficaz na inibição de inflamação e crescimento de tumores. Também funciona como bloqueador de dores crônicas, dores neuropáticas, fibromialgia e inflamações associadas como a osteoartrite (desgaste dos tecidos que protegem os ossos). Também é eficaz para a manutenção do cérebro, detendo doenças neurológicas e outras patologias como a Doença de Alzheimer.
 
Já o THCA Ácido (Tetrahidrocanabinólico) é o fitocanabinoide euforizante com efeito psicoativo causando dependência. Entretanto qualquer outra medicação se administrada compulsivamente e sem necessidade, também causa dependência e abuso. Mas o THCA tem seu lado positivo e causa esperança para milhões de pacientes com patologias como esclerose múltipla, náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia, Alzheimer e Parkinson, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e também a epilepsia. Para melhor absorção e eficiência nos resultados, o THCA deve ser ingerido, por exemplo, o suco de cannabis.
 
A CBDV (Canabidivarina) não é psicoativo e tem alto teor de CBD e pouco THC. Ela oferece alguns benefícios médicos, por exemplo, o controle de crises convulsivas e no combate a náuseas.
 
O CBDA (Ácido Canabidiólico) é um composto não psicoativo. É muito mais abundante e tem alta concentração de canabidiol, possuindo propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, antináusea, antioxidante, anticâncer e antibacterianas.
 
O THCV (Tetrahydrocannabivarin) apesar de suas semelhanças com o THC, não há certeza sobre sua psicoatividade. Sabe-se que produz um sentimento de euforia mais motivado, alerta e energético. Por esse motivo, muitas vezes é recomendado durante o dia ou em qualquer momento em que a funcionalidade seja importante. Mas não é recomendado para pacientes que sofrem de caquexia ou anorexia nervosa.
 
Conclusão, esse texto não tem a intenção de estimular o uso de Cannabis (maconha), mas sim compreender cientificamente sua potencialidade e possibilidade de proporcionar qualidade de vida para pessoas com doenças crônicas e graves, porém a medicina “tradicional” não tem muito mais a oferecer. Então, quando ouvir alguém dizendo que aprova a legalização da maconha para fins terapêuticos, pratique a regrinha de se colocar no lugar do outro. Espero ter conseguido fazer você repensar seus argumentos para no mínimo respeitar quem pensa diferente de você. Até a próxima.
 
 
Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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