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25/12/2020 às 08h04min - Atualizada em 25/12/2020 às 08h04min

Tempo de Natal

ANA MARIA COELHO CARVALHO
É Natal mais uma vez, mesmo depois de um ano tão difícil como 2020. É tempo de sonhar com um mundo melhor, de agradecer. Tempo de união entre as famílias, de reflexão, de ajudarmos o próximo. Tempo de aprender a amar, a perdoar, a escutar, a entender. De lembrar da mensagem que Cristo nos deixou e que chama os homens ao amor: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”.

Tempo de pensar nas palavras de Eduardo Galeano, escritor uruguaio: é preciso mirar os olhos para além da infâmia e sonhar com outro mundo possível. Onde ninguém viverá para trabalhar, mas todos trabalharão para viver. Onde a TV deixará de ser o núcleo mais importante da família, para ser igual a uma máquina qualquer. Onde os cozinheiros não acreditarão que as lagostas gostam de ser servidas vivas. Onde a comida não será um privilégio, mas um direito humano. Onde todos amarão e respeitarão a natureza da qual fazem parte. E onde a educação não será um privilégio de quem pode pagar por ela. 

É também tempo de sonhar com um mundo onde todos saibam agradecer a Deus por tudo o que Ele nos dá: pelo ar, pelo sol, pelas estrelas, pelo pão, pela paz, pelas crianças, pelas flores. Ou, como na prece de Emmanuel, agradecer pelos ouvidos, que ouvem o tamborilar da chuva no telhado, a melodia do vento nos ramos das árvores, a dor e as lágrimas que escorrem no rosto do mundo inteiro, a música do povo que desce do morro. Agradecer pelas mãos que criam, que semeiam, que agasalham. Mãos de caridade, de solidariedade, mãos que apertam mãos. Mãos de poesia, de cirurgias, de sinfonias, mãos que, numa noite fria, lavam louça numa pia.

Tempo de orar pelas famílias, como na canção do Pe. Zezinho: “que marido e mulher tenham força de amar sem medida; que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão; que as crianças aprendam no colo o sentido da vida.” Que exista entre os casais uma nova forma de amar, ou seja, a aproximação de dois inteiros e não a união de duas metades, pois o amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Que cada casal tenha sabedoria para envelhecer juntos, sentindo-se abençoados pelos cabelos grisalhos e por terem os risos e as dores da juventude gravados em rugas na face.

Tempo de refletir sobre o nosso papel aqui na Terra. Entender que podemos ser um oásis de paz no meio das guerras que muitas outras pessoas vivem. Que podemos ser, hoje, pessoas melhores do que fomos ontem. Entender também que cada um tem seu caminho, sua sorte e seu próprio meio de criar a sua história. E que ao longo desse caminho, que Jesus nos empreste as suas sandálias, para caminharmos de encontro a Ele; o seu cálice, para quando estivermos sedentos de um mundo melhor e de uma sociedade mais justa; a sua túnica, para que a possamos repartir e dividir com o próximo; o seu perdão, para que, pecado após pecado, possamos sempre voltar ao Pai.

Tempo de nos lembrarmos da poesia de Fernando Pessoa, quando nos sentirmos perdidos na nossa caminhada: “se achar que precisa voltar, volte. Se perceber que precisa seguir, siga. Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca. Se o achar, segure-o. Circunda-se de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.”

Enfim, é tempo de Natal. Como escreveu Vinícius de Morais, um tempo de falar baixo, pisar leve, ver a noite dormir em silêncio; não há muito o que dizer, talvez um verso de amor ou uma prece.

Feliz aniversário, Menino Jesus! Feliz Natal para todos!

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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