Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
14/10/2020 às 08h00min - Atualizada em 14/10/2020 às 08h00min

CRIATIVIDADE

ANA MARIA COELHO CARVALHO

Gosto de textos criativos e divertidos. Por exemplo, “Crônica da loucura”, de Luis Fernando Veríssimo, e textos que circulam na internet, como a análise psicológica da música do Roberto Carlos, “Esse cara sou eu”. E o texto sobre a criação, onde Deus e Satanás travam uma batalha.

Na “Crônica da loucura”, Veríssimo afirma que o melhor da terapia é ficar observando os colegas loucos na sala de espera do analista (que é mais louco que todos eles). Um dia, estavam na sala: ele; um pretinho bem vestido; um senhor de terno preto; uma velha gorda. Começou a imaginar qual seria o problema de cada um, partindo do princípio de que todos eram loucos como ele.

O pretinho tinha um olhar cansado, os tênis gastos e carregava uma mala. Concluiu que dentro deveria estar o corpo da namorada esquartejada. Ou, então, apenas a cabeça. Ele deveria ser um assassino ou um suicida. Perigoso. Já o senhor de terno tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Roia as unhas. Insegurança total, mal amado, medo de viver. Deveria ser um corno. Manso. Ou seria um homossexual? Não, ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido. Mas a melhor mesmo, a mais louca, era a gorda baixinha. Como sofria. Não devia fazer amor há mais de 30 anos. Seria uma velha masturbadora? Não, pois tirou um terço da bolsa e começou a rezar. O problema era mais grave do que ele pensava. Na conversa com o analista, contou da “viagem” dele na sala de espera. O analista riu, riu muito. Explicou que o Ditinho era o seu “office-boy”, o de terno preto um representante de laboratório e a gordinha era a sua mãe. E o analista concluiu: “e você, não vai ter alta tão cedo...”

Já na análise psicológica da canção “Esse cara sou eu”, o autor cita cada trecho e comenta. Por exemplo: “o cara que pensa em você toda hora, que conta os segundos se você demora, que está todo tempo querendo te ver”, indica um cara obcecado, grudento, com fortes indícios de ciúme doentio. No trecho “está do seu lado pro que der e vier, o herói esperado por toda mulher, por você ele encara o perigo”, indica que o cara tem a síndrome do super herói, se posicionando como um salvador e dominando a mulher. Quando diz quatro vezes “esse cara sou eu, esse cara sou eu”, mostra dificuldades de afirmação. O autor conclui que o cara é passional, obsessivo, com grande potencial para violência e aconselha: “Fuja dele”.

No terceiro texto, “A criação”, o autor conta que tudo que Deus fazia para o bem do homem, Satanás atrapalhava. Por exemplo: no início, Deus criou o Céu e a Terra, e povoou a Terra com brócolis, couves-flores e espinafres, para que o homem e a mulher tivessem vida longa e saudável. Então Satanás criou os sorvetes cremosos da Parmalat e da Haagen-Dazs. E Satanás disse: “Vocês querem que eu acrescente calda de chocolate?” O homem e a mulher quiseram, engordaram cinco quilos e Satanás sorriu. Deus então criou a carne magra grelhada, e Satanás criou a rede de McDonald´s e seus cheesburgers gigantes. E por ai foi, até que o homem teve uma parada cardíaca. Então Deus criou o marcapasso e os stents e Satanás criou o Sistema Único de Saúde, o SUS, e Amém!

Mas, criativas mesmo são as pessoas mostradas em uma foto na internet intitulada “Fila na Bahia”. Elas enfileiraram seus sapatos, chinelos e sandálias e ficaram sentadinhas, de braços cruzados e descalças, esperando o clichê abrir, com os sapatos marcando o lugar de cada uma. Acabaram com as filas.

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 

Tags »
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90