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23/09/2020 às 08h21min - Atualizada em 23/09/2020 às 08h21min

Capacitismo: uma ideia em desconstrução!

Por Julia Carolina, mulher com deficiência, estudante de Jornalismo
No mês de dar visibilidade à pessoa com deficiência, o chamado “Setembro Verde”, decidi escrever a respeito de um tema que, ao longo dos anos, tem ganhado destaque: o “capacitismo”, ou seja, a ideia de que pessoas com deficiência são necessariamente um “exemplo de superação”, quase como uns heróis sociais, guerreiros ou, por outro lado, seres menos capazes por conta de sua condição física, ou cognitiva. 

Nesse sentido, é claro que essa ideia não vem de hoje, foram anos de segregação, exclusão e falta de informação, que se tornaram discursos sólidos à medida que não foram revistos. Em 2016, no entanto, por meio da hashtag #ÉCAPACITISMOQUANDO, foi criado um movimento que deu visibilidade para a questão. Marina Batista Francisco foi uma das primeiras a retratar do tema, na época. Agora, em 2020, influenciadores digitais de todo o país, conhecidos pela luta da causa, como Victor Di Marco e Mariana Torquato, voltaram ao assunto em suas plataformas digitais na intenção de reforçar e conscientizar as pessoas a respeito dessa forma de preconceito e discriminação, que muitas vezes é mascarada de boas intenções. 

A respeito disso, a Lei 13.146/15 reforça a necessidade de assegurar e promover condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais para as pessoas com deficiências, visando sua inclusão social e cidadania. O texto em questão prevê, dentre outras coisas:  I - o direito ao casamento, constituir união estável; II-  exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - o direito de decidir sobre o número de filhos, e ter acesso a informação aquedada sobre reprodução e planejamento familiar; IV- conservar sua fertilidade sendo vetada a estetização compulsória; V- exercer o direito a família, e a convivência familiar, e comunitária; e VI - exercer o direito a guarda, à tutela, a curatela e adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidade com os demais pessoas (artigo 6º). 

Isso demonstra que apesar dos inúmeros avanços já conquistados pelas pessoas com deficiência, as mudanças caminham a “passos curtos”. Por isso, faz-se necessária uma ampliação da consciência social, por meio da educação e debates que possam dar o ponto de partida. 

Uma sociedade menos capacitista é aquela que pensa em todas as pessoas, incluindo as com deficiência, que não são heróis ou vítimas da sua condição, mas pessoas capazes e produtivas dentro de suas equivalências e potencialidades. Assim, será possível trazer ao país mudanças mais rápidas e mais eficazes do que as atuais vigentes no país.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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