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25/08/2020 às 12h46min - Atualizada em 25/08/2020 às 12h46min

Espírito Santo do cerrado

ANTÔNIO PEREIRA
Igreja situada no bairro Jaraguá, tombada por seu valor cultural pela Lei Municipal 5207, de 27.2.1991, sendo prefeito Virgílio Galassi, homologada pelo Iepha-MG, em 9/5/1997. O terreno, de 1.440 m² foi adquirido pela Ordem Franciscana. Os freis Egydio Parisi e Fulvio Sabia, franciscanos italianos, conheceram a conterrânea Lina Bo Bardi, naturalizada brasileira, apresentados pelo arquiteto Edmar de Almeida. Encomendaram-lhe um projeto para o terreno que a Ordem possuía no bairro Jaraguá a que, de início, ela se negou. Conhecendo melhor o que se pretendia e vendo que a comunidade estava disposta a ajudar, cedeu e elaborou um projeto que ganhou prestígio internacional.

Na verdade, a comunidade ajudou bastante em forma de mutirão. Lina usou material da região como tijolos de barro e colunas de aroeira. Vinha constantemente a Uberlândia ver o andamento da obra, corrigir, sugerir, encaminhar o trabalho para uma realização perfeita. Nisso, contou muito com a ajuda de Edmar de Almeida. Também, por sua intermediação a obra recebeu vultosa contribuição da organização alemã Adveniat, de Essen, que viabilizou a construção. 

O projeto foi feito em 1975, a construção durou de 1976 a 1982. Sua inauguração foi realizada em 6 de outubro de 1985 pelo bispo dom Frei Estêvão Cardoso de Avelar.

Muito interessante o que disse o arquiteto Ariel Luis Lazzarin ao jornal Diário de Uberlândia, de 30 de agosto do ano passado: “Na arquitetura sacra temos como destaques o Barroco Mineiro, o Complexo da Pampulha em Belo Horizonte, e esta igreja, e que todos felizmente estão em Minas Gerais.” Essa informação dá um relevo extraordinário ao nosso templo.

Quando Lina fez o projeto, só tinha feito outro antes: a Casa de Vidro, em São Paulo, que abriga atualmente o Instituto Bardi. Durante a ditadura, não produziu quase nada, voltando a trabalhar sua arte após a igreja do Espírito Santo do Cerrado. Junto com esta, fez também o Sesc Pompéia.

Em 2007, o conjunto foi interditado pela Justiça por necessitar de reparos na sua estrutura. Entre 2009 e 2014, recebeu reparos variados que lhe deram condições de ser usado com segurança. O custo foi financiado pelo Programa Minas Patrimônio Vivo.

Atualmente o conjunto abriga o templo, o Centro Comunitário e o Museu de Arte Sacra (MAS) – que era a casa paroquial. O conjunto originalmente estava organizado em quatro níveis. O mais alto, na esquina da avenida dos Mognos e rua das Mangabeiras, aplicado nas celebrações; o segundo era uma moradia para três religiosas e a administração; o terceiro um salão para festas e reuniões e o quarto, mais abaixo, uma quadra de futebol esquina das avenidas dos Ipês e dos Mognos. A forma das construções nos três primeiros níveis é em curva. A moradia das religiosas abriga um pequeno claustro.

O Museu é aberto à visitação nas segundas-feiras (das 13h às 17h), terça a sexta (8h às 11h e das 13h às 17h), e na quinta (19 h às 21h).

As principais obras de Lina Bo Bardi, no Brasil foram: Casa de Vidro, SP; Museu de Arte de São Paulo; Casa da Cultura de Pernambuco (Recife); Igreja do Espírito Santo do Cerrado (Uberlândia); Museu de Arte Moderna da Bahia (Salvador); Teatro Oficina (São Paulo); Sesc Pompeia (SP); Reforma do Teatro Politeama (Jundiaí) e Reforma do Palácio das Indústrias (SP).



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