21/07/2020 às 14h34min - Atualizada em 21/07/2020 às 14h34min
Tabajara não aceitou terceiro lugar
ANTÔNIO PEREIRA
No Carnaval de 1977, a Escola de Samba Tabajara, do bairro do Patrimônio, inconformada com o resultado do desfile, reagiu de modo irreverente e ofensivo, numa espécie de revide ao que julgou injustiça.
Foi um Carnaval tumultuado.
A Tabajara tinha ensaiado bastante na chácara do Cláudio Crosara, que ficava na margem esquerda do Uberabinha, em frente ao Praia Clube. Virgílio Galassi era prefeito, em sua segunda gestão.
Desfilaram: Tabajara, Imperiais do Samba, Mocidade Independente, Unidos do Capela e Garotos do Samba. O desfile foi na avenida Afonso Pena. As escolas saíam da praça Oswaldo Cruz e desciam a Afonso Pena até a praça Clarimundo Carneiro. Os quinze membros da Comissão Julgadora foram dispostos em três palanques nos quarteirões centrais da avenida.
A Tabajara atrasou uma hora!
A Imperiais do Samba atrasou outra hora! - e, além disso, desfilou sem puxador de samba e sem cantar. Toda confusa no início, a Imperiais, em razão de suas deficiências, não quis entrar na avenida. Foi preciso o Capitão PM Pedro Caetano, que era o Presidente da Comissão Organizadora da festa, dar um puxão de orelhas enérgico na rapaziada para que a escola saísse.
A Mocidade Independente veio com pouca gente. Parecia um bloco.
Além dessas irregularidades, a Comissão Julgadora também deu sua derrapada: alguns membros só chegaram depois de iniciado o desfile.
Venceu a Unidos do Capela.
A Tabajara não concordou com o resultado. Pegou um terceiro lugar e decidiu, em represália, não desfilar na terça-feira da vitória. Acabou indo, mas recusou-se a receber o terceiro prêmio.
Entrou na avenida e foi tocando o barco. Quando chegou diante do palanque das autoridades, a um apito do Mestre Lotinho, a bateria virou de costas e continuou tocando.
Indignada, a Comissão Julgadora aplicou diversas penalidades sobre a escola rebelde. Foi expulsa dos carnavais futuros, seus diretores proibidos de integrar outra escola em promoções subvencionadas pela Prefeitura e foi condenada a devolver aos cofres públicos os quarenta mil cruzeiros recebidos.
Não sei. Acho que não aconteceu nada. As punições funcionariam como um revide das autoridades, mas o tempo passou, entrou a política no meio e, no ano seguinte, 1978, lá estava de novo a Tabajara na avenida.
Houve, de novo, uma porção de irregularidades.
A Garotos do Samba venceu e a Tabajara, agora dirigida pelo Passarinho, filho do Mestre Lotinho, chegou, de novo, em terceiro lugar. Dessa vez, o velho comandante, Lotinho, achou legal. Foi o que declarou à Imprensa.
E o Carnaval seguiu...
Fontes: Jornais da época
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