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03/07/2020 às 09h39min - Atualizada em 03/07/2020 às 09h39min

Home office

CELSO MACHADO
Já faz tempo que comecei a ouvir falar nessa forma de trabalho em que a pessoa ao invés de ir a empresa cumpre suas atividades em casa.

Pra quem como eu que sonhava em usar bermuda às sextas, para os ouvidos isso soava como uma música. Poderia usar roupa mais descontraída, não apenas em um dia, mas a semana toda.

Até que chegou a hora de colocar isso em prática. E, evidentemente, conhecer seus aspectos positivos e outros, para não dizer negativos pelo risco de gerar interpretações dúbias no lar, mas mais desafiadores.

Realmente é bom administrar o próprio tempo, dedicar às atividades profissionais sem preocupação com aparência, não precisar enfrentar o trânsito nos deslocamentos de casa para o trabalho, saborear as refeições caseiras. Desfrutar da privacidade ficando longe dos comentários e críticas às vezes maliciosas de companheiros de jornadas e outros quesitos nem sempre positivos. O dia fica mais longo e conseguimos produzir mais do que normalmente porque nossa dedicação fica mais intensa e sofre muito menos interrupção.

Por paradoxal que seja, esse isolamento nos priva de algo muito valioso, especialmente para quem adora ouvir e contar um caso: oxigenar as ideias com os insights que surgem em conversas despretensiosas, vivenciar a emoção e encanto que o contato humano propicia.

O desafio do home office vai além disso, é conseguir focar nas atividades sem deixar que a rotina do lar interfira.

Tenho vivido isso. Não são poucas as vezes que paro o que estou fazendo porque a cachorrinha lá de casa fez xixi na sala ou algo mais sólido e tenho que higienizar o ambiente.

Também são constantes as interrupções que surgem porque tocou o telefone fixo com aquelas aborrecidas abordagens de cartões de crédito, de planos milagrosos de internet, da pesquisa do Ministério da Saúde, dos brindes que te oferecem porque você foi sorteado sabe lá por quem. E por aí vai.

Pelo menos umas três vezes por semana é preciso parar o que se está fazendo porque a empregada precisa passar pano úmido na sala em que você está. Outras vezes porque é solicitado a dar sua opinião sobre o cardápio do almoço, onde deixou o controle da tv, a chave do carro....

Claro e para ouvir as broncas porque deixou o tênis fora do lugar, a toalha sem estender, matar os pernilongos que nunca deixam de voltar, etc.

E olha que moro em condomínio fechado o que evita as abordagens de todo tipo de espécie na porta das casas.

A realidade é que quando o escritório passa a ser a nossa casa aumentam nossos patrões, ampliam nossas atividades e a obrigação de prestar contas que não estávamos acostumados. O jeito é tentar conciliar o lado profissional com os afazeres domésticos.

Eu, por exemplo, tenho me dedicado a culinária. Já aprendi a lavar pratos, copos, talheres e até mesmo arear panelas. Descascar batata, cortar cebola, limpar espiga de milho e outras tarefas igualmente refinadas.

Isso me faz acreditar que não demora muito vou até me tornar um cozinheiro de mão cheia. Nada disso afeta meu desempenho profissional. Porque ficar à toa, sem produzir, não faz parte dos meus planos. Seja via home office ou presencial quero continuar tentando ser útil e contributivo.

Marcar presença no meio em que atuo mesmo sem estar fisicamente nele. Longe, mas nunca distante. Sempre por perto, nem que seja para perturbar!



Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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