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09/06/2020 às 08h42min - Atualizada em 09/06/2020 às 08h42min

A PRIMEIRA ESTRADA

ANTÔNIO PEREIRA
Uberlândia é pioneira em muita coisa e não sabe disso. Por exemplo: a História conta que o samba dançado com passos de balé foi introduzido nas Escolas de Samba pela Acadêmicos do Salgueiro, em 1963, na apresentação do enredo “Xica da Silva”.

O jornal “O Triângulo”, em 1957, traz críticas do jornalista Gastão Batinga ao desfile das nossas Escolas de Samba incluindo a dança com “passos marcados” praticada pela Tabajara do Lotinho. Se os bailarinos do Salgueiro foram melhores, se a apresentação foi mais imponente, mais marcante, mais bonita, é outra questão. A primeira foi a Tabajara. Abdias do Nascimento registrou que o Teatro Experimental do Negro, criado por ele em 1944, foi a primeira agremiação teatral negra do país. Não foi. De 1936 para trás, há notícias nos jornais daqui, sobre as atividades do Centro Negro Theatral, que era dirigido pelo Chico Pinto, irmão do Grande Otelo.

O Dr. Longino Teixeira registrou, em monografia familiar, que seu pai, Zeca Teixeira, e sua mãe, dona Chiquinha, realizaram o primeiro casamento civil do país. É só ir ao cartório e pedir uma cópia do registro desse casamento, ocorrido em 14 de janeiro de 1890. Acontece que a Lei que instituiu o casamento civil no país é de 20 janeiro de 1890 marcando seu vigor a partir de 24 de maio. Ora, 14 de janeiro é anterior a 20 de janeiro e 24 de maio.

Agora, descubro que a primeira estrada para automóveis construída no Brasil foi a do Fernando Vilela, daqui a Itumbiara, cujo primeiro trecho foi inaugurado no dia 7 de setembro de 1912.

A história rodoviária brasileira indica algumas estradas pioneiras. A primeira é a rodovia União Indústria que ia de Petrópolis a Juiz de Fora. Foi inaugurada em 1861 por Dom Pedro II. Foi a primeira estrada macadamizada da América Latina. Estrada macadamizada era a que recebia tratamento com areia, pedra britada e breu. Essas estradas não eram construídas para receberem veículos automotores porque eles não existiam. Quando começaram a chegar ao Brasil esses veículos, essas estradas tiveram que ser adaptadas.

Outra estrada antiga e importante foi a do Vergueiro que ligava São Paulo a Santos. Ela foi inaugurada em 1864. Era uma estrada de qualidade inferior à União Indústria, mas o seu uso era o mesmo: para veículos de tração animal, mais leves e mais lentos. Só foi macadamizada em 1913 e adaptada para o uso dos veículos automotivos. Consta que foi usada por dois automóveis em 1908, ainda na velha estrada, gastando 37 horas, de ponta a ponta.

Certamente houve outras estradas como estas duas, porém, nenhuma construída especificamente para veículos motorizados.
Isso só vai acontecer em 1912, quando Fernando Vilela e Paes Leme inauguram, no dia 7 de setembro, o trecho de 72 km, entre Uberabinha e Monte Alegre, de uma estrada construída especificamente para veículos automotivos cuja extensão total era até Itumbiara.

Dentro em breve, publicarei livro intitulado “AS ESTRADAS PIONEIRAS DO BRASIL” onde conto pormenorizadamente essa aventura maluca de se construir uma estrada no meio de um sertão onde não havia veículos motorizados, motoristas, mecânicos, postos de abastecimento, borracharias, casa de peças... nada para automóve​is e caminhões.



Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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