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05/06/2020 às 10h39min - Atualizada em 05/06/2020 às 10h39min

Mente analógica

CELSO MACHADO
Meu raciocínio anda em sintonia com meu comportamento: tranquilo, calmo e se alguém disser sossegado não ficarei aborrecido nem um pouquinho.

É o meu jeito de ser, que se reflete nas diferentes manifestações do meu comportamento. Muitos que me conhecem de alguns anos para cá, avaliam que sempre fui desse jeito. Mas eu que me conheço há muito mais tempo, sei que não é bem assim.  Já corri demais, atropelei situações, agi com precipitação e por muito tempo meu comportamento foi irrequieto, nervoso, impaciente.

Graças ao privilegiado convívio com pessoas fantásticas fui mudando. Refleti sobre os ônus e bônus do meu estilo de vida e ponderei sobre que pessoa gostaria de ser. Qual estilo ornaria melhor comigo. Entendi que nascemos com características que impactam em como vamos agir, mas que sempre poderemos conduzi-las ou modificá-las pelo nosso livre arbítrio. Toda pessoa sempre pode mudar a si mesma. Para melhor ou pior, tudo é uma questão de escolha. Pessoal, sempre.

Daí fui modificando meu estilo, tendo boas conversas comigo e, ainda que tenha que aprender muito e muito mesmo nesse quesito, tento ver as coisas por mais de um ângulo. E, de preferência me colocando no lugar do outro. Tentar perceber suas razões que podem ser distintas das minhas. E, fico feliz de verdade quando consigo agir sabendo que todo conhecimento é sempre relativo. Que toda opinião pode estar equivocada, que nada é mais normal do que mudá-la, pois a vida está em constante mutação e o que pode parecer certo hoje, amanhã pode ser que mereça outra avaliação.

Nesses tempos digitais aceito e entendo que tenho mente analógica. E muito do meu conhecimento também.

Procuro fazer uma coisa de cada vez, focando e concentrando, ainda que isso seja um enorme esforço diante da minha tagarelice mental, do que estar ligado em 3 ou 4 simultaneamente.

Por exemplo, se estou fazendo uma caminhada não fico falando ao celular, abrindo watsapp ou acessando internet. Aproveito para respirar ar puro e oxigenar ideias. Quando termino, o corpo sente cansaço físico, mas a energia foi renovada e recarregada. Isso é muito bom.

Nas minhas refeições concentro em apreciá-las. Não as faço simultaneamente com assistir tv ou com outro tipo de interrupção que me desvie dessa finalidade. Evito qualquer outro tipo de distração, exceto, claro uma gostosa conversa.

Nos momentos que dedico a escrever ou planejar o tema que estou abordando me prende integralmente. Viajo nele e por ele, mas estou sempre sintonizado onde pretendo chegar.

Perdi muitas coisas valiosas na vida por estar fazendo algo com atenção voltada para outra. Não apreciava, nem desfrutava o momento presente, porque ficava totalmente voltado olhando o amanhã.

Admiro, respeito e reverencio quem tem mente digital, capaz de se dedicar e competentemente com várias iniciativas simultâneas. Gente inquieta e irrequieta que está sempre criando, inovando, implementando.

Meu estilo e meu momento são outros. Cultivo e pratico a tranquilidade, o olhar cada vez mais dedicado a observar o que não está aparente. A conversa mansa que não quer convencer, apenas compartilhar opinião, histórias, percepções.

A mente analógica não quer ficar estagnada, mas não tem mais a pressa de antes. Coisas da idade? Talvez. Mas estou bem assim...
 
 

Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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