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12/05/2020 às 10h45min - Atualizada em 12/05/2020 às 10h45min

Outro pioneirismo?

ANTÔNIO PEREIRA
Waldemar Corrêa Stiel, historiador já falecido, publicou três obras fundamentais para o conhecimento da história do transporte brasileiro. O primeiro, em 1978, “História dos Transportes Coletivos em São Paulo”, o segundo, em 1984, “História do Transporte Urbano no Brasil”, e o terceiro, em 2001, “Ônibus – Uma história do Transporte Coletivo e do Desenvolvimento Urbano no Brasil”.
Tive a honra de receber, imediatamente após o lançamento, um exemplar do terceiro livro, devidamente autografado pelo autor.

Rico trabalho, profundas pesquisas, o autor nos mostra fotos dos mais velhos veículos de transporte coletivo, além de nos relatar a história das rodovias utilizadas por estes veículos. Começa contando o nascimento desse tipo de transporte, em 1825, bem antes do motor substituir a tração animal. No Rio de Janeiro, antes dos ônibus, rodaram pelas ruas da cidade, as diligências, com quatro rodas, puxadas por quatro cavalos ou mulas. A primeira diligência unia o centro da cidade a Santa Cruz e São Cristóvão, numa duração de cinco horas.

Encerrando o primeiro capítulo, Stiel nos conta a história das primeiras rodovias brasileiras, antes dos veículos automotivos.
No segundo capítulo, fala-nos dos transportes motorizados e descreve como os serviços intermunicipais se instalaram no país. Foi pelas empresas particulares que adquiriam veículos, automóveis, caminhões e ônibus, construíam as estradas ligando dois ou mais pontos (cidades) e cobravam fretes e pedágios dos usuários, por concessão dos Estados.

Esse é um dos aspectos que nos interessam de perto porque somos pioneiros nessa atividade. Diz-nos Stiel que a primeira estrada construída com essa finalidade foi a Estrada do Vergueiro, ligando São Paulo a Santos. Ao nos fazer esta revelação, o autor se refere à construção de estradas e sua utilização comercial pela construtora através de automóveis, ônibus e caminhões e cobrança de pedágios de terceiros que poderiam usar a estrada com o mesmo objetivo. Ele nos diz que esse tipo de serviço foi iniciado em 1913 pela Estrada do Vergueiro.

Em seguida relaciona as estradas construídas no Brasil em 1914 com os mesmos objetivos: no Rio Grande do Sul (entre Porto Alegre e Garataí), em Sacramento (MG), ligando esta cidade a Araxá e, em setembro de 1914, em Uberabinha ligando esta a Monte Alegre. Com relação à estrada de Uberabinha, que foi construída por Fernando Vilela, diz textualmente: “Em setembro de 1914 começa o tráfego de automóveis da empresa Auto-Viação Mineira Intermunicipal...”

A seguir, cita outras empresas da mesma natureza em outros locais.

Stiel comete um erro, mas nos revela uma verdade honrosa que nos orgulha muito. A estrada do Vilela não começou a trafegar com automóveis e outros veículos em setembro de 1914. O trecho citado foi inaugurado em setembro mesmo, porém de 1912. Inaugurado que foi, evidentemente, os veículos começaram a trafegar pela estrada. Nesse caso, seríamos anteriores à Estrada do Vergueiro.

Estaríamos diante de mais um pioneirismo uberlandense? E a Companhia Auto Viação Mineira Inter Municipal teria sido a primeira empresa construtora de estradas no país!

Essa história está bem contada no livro que publicarei brevemente: “As estradas pioneiras do Brasil”.
 
Fontes: Waldemar Corrêa Stiel, cônego Pedro Pezzutti



Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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