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03/04/2020 às 08h00min - Atualizada em 03/04/2020 às 08h00min

Superlua

WILLIAN H STUTZ
Pois então, dias atrás tivemos a “Superlua”. Trem de doido, a tão cantada em versos e prosas, inspiração dos “poetas, seresteiros namorados, correi…”, deu o maior 171 na gente. Não que tenha não ocorrido, as potentes lentes de jornalistas e astrônomos nos mostraram o fenômeno mundo afora em imagens televisivas. Aqui choveu a cântaros. Uma super bem-vinda água do céu a verter. Para ser sincero, mais importante do que a lua em grandeza diferente. Não, não é isso. Sou grande admirador e apreciador de luas, sóis e cometas, a ponto de me deixar largado no chão a contar pequenos pontos moventes como se fossem discos voadores, quando não passam de invenção humana, os satélites artificiais. São dezenas deles a toda hora, já parou para olhar?

Pois digo, os astros andam a nos pregar peças com uma constância danada. Outro dia foi uma chuva de meteoros que melou. Fiquei noite inteira, olhar fixo em um céu doente de tanta estrela, com minha lista imensa de pedidos a fazer para cada um avistado. Frustração. Nem um acertinho na mega-sena ou amor perfeito consegui emplacar. Há alguns anos foi Mr Cometa Halley que deu as caras numa ressaca de deslumbre e beleza decepcionante. Aliás, a tal chuva de meteoros, dizem, é o rastro do tão falado cometa da enganação. Bom, vamos esperar 2061. Quem sabe toma tipo e produz um espetáculo decente? Talvez consiga algum patrocínio via lei Rouanet que lhe permita cobrir-se de brilho convincente. Quem viver verá.

O céu e suas peripécias, a bela Estrela d’alva nem estrela é. Para quem não sabe é Vênus, um planeta. Plutão que era planeta com P maiúsculo foi rebaixado a categoria de planeta anão. Não existia essa categoria, mas a União Astronômica Internacional (UAI), sabia que era coisa nossa de mineiro foi lá e criou o termo para não humilhar demais o astro. Não gostamos de nos desfazer de nada, nem de ninguém. Somos observadores atentos, mas maldade deixe para os outros.

O melhor foi a história de um amigo. Mesmo com a invernada que deu, tomou todas e foi para o quintal à caça da superlua. Não deu outra, ele viu e esparramou a notícia pelas redes sociais — Cara essa superlua é realmente super. Estou embriagado de tanta beleza, nunca vi nada igual. Vocês estão curtindo? Dedilhava freneticamente em seu celular.

Todos respondiam quase a mesma coisa: - Você bebeu demais. Tem lua não, as nuvens estão cobrindo tudo! - Que nada, aqui tem chuvisco só e a tal é super mesmo.

Intrigados, mais do que curiosos, alguns amigos foram à sua casa conferir. O encontraram encharcado no meio do gramado, em ataque eufórico, abraçado com uma garrafa de uísque: - Ali ó, olha que beleza, balbuciou quase em choro de alegria.

- Cara, vamos entrar e sair dessa chuva!
- Nunca! E perder esse espetáculo?!
- Vamos sô, você pode gripar!
- Saio não. Só na hora que ela for embora!
- Cansados de tentar convencer bebum, um dos amigos perdeu a Brahma!
- Vai entrar sim, o que você está admirando seu mala é a antena parabólica do vizinho.

Pois é, os astros não mentem jamais, mas que enganam, ah, isso fazem com frequência.


*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.









 
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