Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
10/01/2020 às 08h11min - Atualizada em 10/01/2020 às 08h11min

Política uberlandense sub judice

JOSÉ AMARAL NETO | JORNALISTA

No palco da democracia, o eleito e o eleitor possuem seus direitos e seus deveres. Existe uma grande cobrança sobre como os detentores de mandato devem agir com a responsabilidade que o cargo exige. No entanto, qual afinal é a responsabilidade de quem está na outra ponta do processo eleitoral, o eleitor? Então, o eleitor precisa querer saber como funciona o Legislativo e o Executivo municipal da sua cidade, estando atento às informações divulgadas por estes órgãos. O eleitor precisa querer saber como é montado o orçamento municipal, observando as convocações para sua análise pública, exigindo ampla divulgação desta agenda. É a partir da sua participação, eleitor, nesses encontros e reuniões técnicas, que a saúde, a segurança e a educação podem melhorar. Sem a sua presença, os Barnabés dominam e eles assinam e orientam quem manda fazer o povo sofrer.

É preciso, eleitor, neste momento de crise institucional do legislativo uberlandense, que se busque quem vai assumir as cadeiras dos ausentes por força da lei, uma vez que seus mandatos estão suspensos – mesmo dois que estão fora da prisão estão com mandados suspensos no mês de fevereiro, início do ano legislativo. São 20 novos ocupantes, ainda suplentes, que já foram diplomados pela Justiça Eleitoral em dezembro de 2016 – é preciso que a cidade saiba quem são, agora. E para isso, eleitor, você precisa querer pedir ou aceitar o que vier. E o custo é você quem paga.

É necessário, eleitor, ajudar os edis que não estão sendo investigados a abrirem a boca – não é porque estão em recesso que os mesmos não podem falar à população qual a sua posição ante a situação por que passa a Câmara de vereadores, lavrada em juízo por má conduta de alguns de seus membros, segundo o Ministério Público Estadual. Nenhuma nota, não sobre o ocorrido, mas sim sobre como pensam a política a partir dessa ação os vereadores que sobraram.

Política ou qualquer situação que mereça resposta não são alimentadas apenas pelo barulho do silêncio de muitos, mas saciadas também pela seletiva contribuição de outros tantos que encontram jeitos de tirar vantagem da situação. Esse silêncio é inocente (?) — e toda omissão é ação.

Eleitor, é bom entender também que o custo anual da Câmara não gera economia que resulta em devolução de dinheiro. A Câmara de Vereadores não tem a receber – usa dos impostos recolhidos que viram o orçamento anual da prefeitura para se sustentar. A Constituição Federal que rege esse tema determina que as Câmaras Municipais têm o direito de solicitar para o seu pleno funcionamento “ATÉ” 4,5% do valor do Orçamento do Município. Ao contrário, pedem o máximo de recursos. Não seria o lógico solicitar o valor de seu custeio? Veja aí a consolidação da mensagem da má gestão que gera propaganda enganosa com a tal devolução devidamente fotografada.

A atual câmara foi eleita com pouco mais de 40% dos votos válidos – Portanto, não representa a cidade em seu todo – São 27 vereadores que não chegam aos mais de 100 bairros de Uberlândia – por isso, quando falam, o eleitor não se vê representado.

A agenda cultural e social da cidade não privilegia o potencial do turismo empresarial da cidade. E não é preciso ter feriado para que isso gere divisas para o município. É preciso ter representantes na Câmara de Vereadores que consigam juntar na sopa de letrinhas o beabá do que é um calendário pensado como investimento. Isso gera emprego, renda e impostos para o município.

O silêncio só fragiliza o ambiente democrático. Demoniza quem quer trabalhar e corrói a liderança do executivo municipal – a Câmara é independente, mas seu corpo se move pelas atividades da Prefeitura. Sem o comando do prefeito não há articulação política. Nenhum político constituído falou aberta e claramente pela cidade – silêncio – Qual o receio? O povo quer saber em quem pode acreditar e seguir. O povo aguarda a voz acima das questões processuais. O eleitor quer saber em quem pode confiar. Será que tem alguém que não pise em ovos neste momento?

Uberlândia é terra de desbravadores com presença no cenário político local, estadual e nacional desde os tempos de Felisberto Carrejo. É a primeira vez, desde a sua fundação, que a cidade está sem voz e com a sua representatividade de joelhos. #VamosConversando
 

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.







 

Tags »
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90