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29/12/2019 às 09h00min - Atualizada em 29/12/2019 às 09h00min

Ansiedade agravada no fim do ano

KELLY BASTOS (DUDI)
Quando a folha do calendário, lá em novembro, virou, bateu o desespero. Não foi?

Segundo a psicóloga Eliana Alves Pereira, “não é raro ficarmos mais ansiosos nessa época do ano, porque, em novembro, alguns estabelecimentos comerciais já começavam a colocar os enfeites natalinos, os supermercados já vendiam panetone e a família já começava a se organizar para saber como seriam realizados os festejos da virada de ano”.

Então, é normal, alguns sentimentos como angústia, desânimo e frustração surgirem nesse período. Mas por que isso ocorre?

A psicóloga responde: “A sensação de ansiedade aumenta conforme o estresse gerado por fatores associados a cobranças externas e internas. No trabalho, o medo ou insegurança em conseguir cumprir metas exigidas, o trabalho que deve ser concluído antes das festas e das férias. No plano emocional/afetivo, frustração ou carência não preenchidas durante o ano. Na dimensão existencial, objetivos de vida não alcançados que não puderam se cumprir”, explica.

A profissional lembra que o aumento da ansiedade pode ser sazonal. “Assim como em alguns países temos, durante o inverno longo, o que chamamos de depressão sazonal, em outros, como aqui no Brasil, temos um aumento da ansiedade na época final do ano. O cansaço, o sentimento de não ter completado todos os planos pensados no começo do ano, aspectos financeiros e outros fatores individuais são os motivos mais comuns”, afirma.

No nosso cérebro, uma série de atividades começam a ocorrer também com a proximidade do Natal e do Réveillon, como explica a especialista: “As áreas do cérebro responsáveis pelo aumento da ansiedade são, a princípio, a amídala, que seleciona e designa o tipo inicial de temor e sua amplitude, o hipotálamo e a hipófise funcionam de forma a controlar os hormônios que atuam no corpo acionando os sintomas somáticos tais como tremores, aumento da frequência cardíaca, dilatação da pupila e respiração suspirosa”.

No começo do ano, nossos pensamentos estão repletos de expectativas pelos meses que virão. Listas de metas são comuns: conquistar uma vida mais saudável, praticar exercícios físicos, mudar de emprego ou começar novos cursos.

No entanto, as cobranças do cotidiano podem fazer com que o indivíduo não perceba uma eventual mudança de objetivos no meio do caminho e tenha a sensação de que o tempo passou tão rápido que não foi capaz de realizar tudo o que queria.

Angústia, medo e frustração são os principais sentimentos com a chegada do fim de ano.

Por que nos sentimos frustrados no fim do ano?
Será que nos cobramos demais e colocamos metas pouco factíveis todo o início de um ano novo? Nossa consultora, tem outra percepção. “O mais comum, na verdade, é a impressão pessoal que diz o quão pouco ela fez, durante o ano, por si e por suas metas. Ou seja: ‘Até onde me impliquei naquilo que eu desejava?’”.

Algumas dicas podem ser úteis para quem se sente assim com a proximidade do fim de um ano. “Refletir sobre o que é realmente essencial para a tranquilidade e a paz consigo mesmo e com o próximo. Desapegar dos valores consumistas, ver que um ano termina e outro se inicia, viver o fluir da vida”, na opinião da psicóloga Eliana Alves Pereira.

“Uma reflexão possível para aplacar um pouco da ansiedade é pensar que, ainda que simbolicamente, o final do ano representa um final de ciclo, talvez com um toque de incompletude e irrealização. O começo de outro ano abre uma chave nova, na qual pode ser possível relacionar-se consigo mesmo e com o mundo, de modo mais pessoal, autorizando-se a não ser no mundo só a expectativa que os outros tem sobre você”, conclui a profissional.

Feliz Ano Novo, pessoal! Boa semana!


*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.









 
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