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19/11/2019 às 08h09min - Atualizada em 19/11/2019 às 08h09min

O serviço de água da Tubal

ANTONIO PEREIRA

O sistema de abastecimento de água da cidade, implantado pelo Prefeito Tubal Vilela da Silva, (1951/1954) foi considerado à época o maior e mais perfeito do Estado de Minas Gerais. A remodelação e ampliação do sistema antigo foi a plataforma do candidato. Eleito e empossado, Tubal enviou Projeto de Lei à Câmara pedindo autorização para um empréstimo inicial de 29 milhões de cruzeiros para cumprir sua promessa. O abastecimento suficiente sempre andou pela cabeça dos nossos governantes, desde Augusto César, o primeiro prefeito, que já imaginava um desvio da água do Uberabinha, à altura da Fazenda da Estiva para suprir a cidade. José Fonseca e Silva percebeu que o abastecimento não andava bem e tentou fazer alguma coisa. Não conseguiu dinheiro e as máquinas que o governador Milton Campos lhe enviou para furar poços artesianos não fizeram nada.

Tubal tomou o pião na unha.

Os gritos da oposição, os jornais achando que o gasto era demais, nada tirou o Prefeito do seu propósito. Quem mais o atacava era o “Correio de Uberlândia”, órgão explicitamente udenista. Tubal era do PSD.

Autorizado o empréstimo, a Prefeitura abriu concorrência, entregou o serviço ao vencedor e, quase no fim do seu governo, Tubal inaugurou a obra que marcou sua administração. Antes dele, captava-se água apenas no córrego Jataí. Obra do Prefeito Vasco Giffoni. A captação era de dois milhões de litros por dia com um reservatório de 360.000 litros. Tubal captou no Lagoinha, no Jataí e no São Pedro. Chegou a ponderar o uso do Uberabinha, mas o custo subiria demais. Trocou a canalização antiga e construiu mais dois reservatórios elevados entre as avenidas Floriano Peixoto e Cesário Alvim. Foi obrigado a tomar mais oito milhões emprestados e suportar a gritaria do “Correio”. O córrego Jataí continuou sendo básico no fornecimento da água. Ele possuía três vezes mais capacidade que os outros dois juntos. O novo serviço previa atendimento a uma população de até 100 mil habitantes. Como a cidade possuía em torno de 30 mil apenas, calculou-se que o sistema resistiria a 30 anos. Mas Uberlândia costuma transformar previsões de desenvolvimento em largos equívocos. Com apenas quatro anos, o sistema necessitou do reforço do Glória, implantado pelo Prefeito Geraldo Ladeira. O que não invalidou o trabalho do Tubal. O sistema implantado por Tubal quadruplicou a captação que saltou de dois para oito milhões de litros/dia. O reservatório elevado, que era para 360.000, com a construção dos outros dois, saltou para quatro milhões e trezentos e sessenta mil litros.

Antes da inauguração se fizeram testes e algumas tubulações arrebentaram. A oposição dizia que era serviço mal feito. Inaugurou-se o novo serviço a 25 de setembro de 1954, ainda não totalmente concluído.  Naquele dia, a cidade acordou espantada pelas fortes bombas que estouraram a partir das três e meia da madrugada. Em seguida, um foguetório incessante que se estendeu por toda a manhã. Depois, veio a inauguração oficial onde Tubal falou na possibilidade de instalar hidrômetros. Houve desfile escolar e passeata mostrando os equipamentos adquiridos. A cidade forrou-se de uns papeizinhos coloridos que saudavam o novo serviço.
Por fim, Tubal mandou abrir as torneiras dos elevados para que a água escorresse pelas ruas, providência esta que, vinte e tantos anos depois, Renato de Freitas repetiria para inaugurar a captação na Sucupira.

O “Correio”, como não tinha nada a criticar disse que escorreu mais barro do que água pelas ruas.

No entanto, era o maior e melhor serviço de água do Estado. Os seus elevados, bem como o menor, construído pelo Vasco Giffoni, estão lá, úteis até hoje...
 
Fontes: Jornais da época, José Pereira Espíndola.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.







 

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