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08/11/2019 às 08h52min - Atualizada em 08/11/2019 às 08h52min

Inimigo Secreto

CELSO MACHADO

Chega o final do ano e com ele as costumeiras festas de confraternização. Seja na família, na empresa, no grupo de amigos, etc. E não são poucas que ainda promovem a brincadeira do amigo secreto. Confesso que essa prática de pegar um nome num sorteio aleatório e na festividade do grupo e presentear a pessoa indicada não está nas minhas preferidas.

O propósito de criar um motivo para presentear um colega, que em outras épocas até que fazia algum sentido foi se perdendo ao longo do tempo. Atualmente os ambientes profissionais, por mais descontraídos que possam ser, não correspondem ao convívio de antigamente em que as opções de lazer na cidade eram poucas, a disponibilidade de tempo muita e as reuniões entre funcionários de uma mesma organização aconteciam com frequência. Na maioria das vezes com as despesas rateadas e um cardápio que não fugia de algumas poucas cervejas, um ponche e uma galinhada. O melhor desses encontros era o relacionamento verdadeiro, saudável, amigo, fraterno.

Se antes a zoação tinha início imediatamente após a pessoa descobrir com quem havia saído, enviando mensagens irreverentes provocativas para o outro tentar imaginar quem poderia ser, agora não. As ferramentas como e-mail, WhatsApp etc não possibilitam o anonimato. Com isso sobra apenas a entrega do presente no momento da “revelação”.

As mudanças que ocorreram em todos os sentidos, comportamentais, tecnológicas e atribuições foram minguando o relacionamento pessoal autêntico pelos interesses e o socialmente correto. A disputa ocorre não apenas no mercado, entre concorrentes, mas até mesmo no ambiente interno, na disputa por espaços, visibilidade e promoções.

As aparências predominam, mas na verdade o que acontece é mais revelador pelos comportamentos do que pelas colocações.
O lado pessoal dos relacionamentos pessoais autênticos minguam nos ambientes profissionais, onde as críticas que não colocadas em público, predominam nas conversas em “off”.

Talvez seja exagero, mas repare como quando você está numa reunião dessas, escuta muito mais sobre aspectos negativos dos outros, do que sobre suas virtudes. Não é à toa que nessa guerra nos ambientes profissionais, os maiores cuidados que precisamos tomar é com o tal “fogo amigo”. Aquele de quem está perto, mas não ao lado. Que não percebemos quem é, nem quando vai se manifestar.

Pode parecer irônico e não deixa de ser, mas o tal do “amigo secreto” está mais para “inimigo secreto”. A esperança é na nova geração de empresas e empresários que praticam a economia colaborativa, onde todos se ajudam e crescem. Com certeza isso vai mudar, para melhor, os ambientes corporativos. E aí os amigos secretos vão voltar a ser amigos de verdade...

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.









 

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