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29/09/2019 às 07h45min - Atualizada em 29/09/2019 às 07h45min

Achar-se superior não nos torna alguém melhor

KELLY BASTOS (DUDI)

“Ao tentar contornar o mundo em torno do eu, acabamos nos encarcerando”. Esta citação de C. S. Lewis nos traz uma profunda reflexão. Há um monstro à espreita. O “achismo” devora a passos largos a sanidade mental nas redes sociais. A mania de controle, o querer estar certo e impor sua opinião de forma cega, abrupta, sem se preocupar se vai atingir o outro.

Indivíduos que sofrem da mania de controle geralmente são pessoas que se acham com um QI acima da média. Ao argumentarem, lançam mão de seu status: “Eu sou formado nisso, PhD naquilo, desenvolvi aquele projeto, etc.” Estas artimanhas são uma tentativa desesperada de, ao se colocar num pedestal, calar o outro, reduzindo-o a sua “insignificância”.

Veja, um canudo na mão não é sinônimo de inteligência. Às vezes, você é só um mal-educado mesmo, petulante. A necessidade de diminuir o outro, impondo sua opinião, só denota insegurança. Caso o indivíduo precise apontar a “falha” do outro publicamente, isso significa que ele não quer corrigir, auxiliar, mas apenas mostrar aos demais a sua “superioridade”.

Elogie em público e corrija em particular. Um sábio orienta sem ofender e ensina sem humilhar. Perceba, geralmente as pessoas com mania de controle só comentam em postagens em que você expresse sua opinião. Você não vai ver um comentário positivo sobre algo que conquistou. Você não vai receber um elogio sobre uma selfie que postou.

Em determinados momentos, você pode até passar a achar que as pessoas não o seguem mais. Mas experimente postar algo que acredita e que você até saiba que pode gerar opiniões controversas, o que é normal, e veja algo mágico acontecer. A criatura se manifesta na sua timeline milagrosamente, do nada! Pode apostar! Todos conhecemos alguém assim. E será que o comentário será construtivo? Absolutly not, my dear!

Satanás tem artimanhas que a mente humana desconhece. Mas vamos combinar que os chatos achistas, pseudointelectuais, não precisam do rubro para serem chatos. Até porque ser chato é uma escolha dada por meio do livre arbítrio. Ou seja, ele escolhe ser chato e extremamente inconveniente.

Ser uma pessoa portadora de achismo só te faz parecer um atrevido ignorante. Sua imagem se tornará não admirável, mas arrogante. Seja alguém que empodera, que incentiva. Seja alguém que exalta, não que humilhe. Não faça bullying nas redes sociais, aliás, em lugar nenhum.

Faça uma análise interna. Talvez essa necessidade de atenção esteja escondida atrás de traumas. Talvez o ataque seja sua arma de defesa. Mas atente para os sinais de impaciência, inquietude. Você passa a acarretar para si doenças físicas e problemas emocionais que farão com que os que estejam ao seu redor fiquem desconfortáveis em sua presença. Não é possível controlar o Universo. Cada segundo é uma surpresa. Não se pode prever nada. Então, por que a necessidade de controlar o outro?

Viver é algo infinito, é algo para o qual não existe roteiro e seus participantes não são atores. Osho dizia: “Esqueça essa história de entender tudo. Em vez disso, viva. Não analise, celebre!”

Cansa ser o “dono da razão”, não? O melhor caminho é a reflexão. Se alguém reclama da sua postura várias vezes, é um sinal de que você não está enxergando que há algo de errado contigo. Veja, ninguém é melhor do que ninguém. As únicas coisas das quais devemos nos orgulhar é de termos bom coração, boa índole e bom caráter.

Quem se aproximar de você deve estar lá pelo que você é, não pelo que você possui. Se você é uma pessoa petulante, arrogante, esnobe e rica, dificilmente terá pessoas que o amem ao seu lado, salvo raras exceções. Se você é uma pessoa petulante, arrogante, esnobe e é pobre, meu anjo, cuide de quem está ao seu lado como a joia rara do Rio Nilo. Ele está ali por escolha, não porque você merece.

Achar-se superior demonstra não só sua inferioridade, como sua falta de humildade. Haverá quem o ature, sempre existe uma boa alma, mas nada é para sempre. Até o ser mais paciente, quando ferido, uma hora se despede. Voe e vá se aninhar em outro ninho. Não abuse do sentimento que as pessoas nutrem por você. Nada mais exaustivo do que oferecer flores e, em troca, receber espinhos. Não seja essa pessoa.

Bom domingo.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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