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04/08/2019 às 07h30min - Atualizada em 04/08/2019 às 07h30min

Homem chora, sim! Por amor!

KELLY BASTOS (DUDI)

“Homem não chora” é uma expressão mais do que ultrapassada. Entretanto, ele não só chora, como sofre, entra em depressão e pode ficar anos até conseguir esquecer um antigo amor. Por isso, aquele estereótipo de homem fortaleza que aguenta qualquer pancada da vida, construído culturalmente pelas antigas sociedades conservadoras está se esvaindo para dar espaço a um conceito moderno de masculinidade.

Mais do que uma demanda cultural, é uma nova percepção daquilo que os filhos e as mulheres desejam dos homens. Não esperam mais apenas um provedor que trabalha, sustenta casa e representa uma autoridade frívola e sem afeto. O mundo anseia por homens que cuidem da casa, que tomem conta dos filhos e, principalmente, dos sentimentos da família. Companheiros que sabem compreender e estão abertos ao diálogo, pais que dão carinho e dizem “eu te amo” para seus filhos.

Engana-se quem pensa nisso como uma obrigação. Homens não mudam apenas pelos outros, mas por si mesmos. Os machões de coração de ferro, na verdade, nunca existiram, isso sempre foi uma máscara de macheza que impunha uma necessidade de mostrar uma infalibilidade, uma insensibilidade que, de fato, não define virilidade, mas procura se defender de um forte e medíocre preconceito por ser associada a sensibilidade feminina, tipo de pensamento que é um grande prejuízo à nossa sociedade.

Os homens também têm sentimentos, amam e querem o direito de demonstrar que existe um coração enorme dentro do peito capaz de disseminar carinhos, exibir doçura, empatia pela tristeza do outro e se emocionar com os primeiros passinhos do filho.

Homem também chora assistindo a um filme, porque seu time perdeu o campeonato e se debulha por dias por um amor que se foi. E chega a cair em depressão por causa disso ou outro motivo que o entristece e tira sua vontade de sair da cama. O coração de um homem é capaz de se quebrar, sim, mesmo que ele diga que não ou se esconda atrás de um “está tudo bem”.

Por mais masculinos que sejam, também são capazes de ficar magoados quando entram em alguma discussão, quando a mulher briga ou uma pessoa que estima esquece do seu aniversário. Nó na garganta não é apenas para mulheres e crianças, chorar compulsivamente também não. E eles fazem isso, principalmente, à noite, na cama, quando ninguém está vendo. Nesses momentos, eles precisam de colo, cafuné e atenção. Cansam da rotina, esgotam-se emocionalmente e, muitas vezes, têm vontade de explodir.

E quem acha que homem não sente medo, está muito enganado. O primeiro pavor é de não ser aquele homem que esperam que ele seja. Da mesma forma, temem perder sua mulher, o emprego. De serem rejeitados e traídos. Podem ter medo de outros homens e até de algumas mulheres. De caminhar na rua de madrugada, do escuro à noite, ou de ficarem sozinhos, mesmo que jamais consigam admitir.

A sensibilidade masculina nunca será igual à feminina, mas, com certeza, representa os sentimentos mais frágeis que um homem naturalmente pode ter e a devida permissão para senti-los. Em uma forma de expressão máscula e, ainda assim, com uma alma capaz de ser tocada. Isso não é vergonha, nem diminui a masculinidade de ninguém, apenas demonstra que aquele que veste cueca, antes de ser um cabra-macho, é uma pessoa sensível, gentil e capaz de amar, como todos desejam ter por perto e, principalmente, como todo ser humano deveria ser.


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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