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30/07/2019 às 08h34min - Atualizada em 30/07/2019 às 08h34min

Gil Alves dos Santos

ANTONIO PEREIRA

Existem histórias sobre esse cidadão que nos deixam sem saber como foi de fato a sua vida. Foi rico; uns dizem que foi boiadeiro, outros, que foi fazendeiro, grande criador de gado zebu. Boiadeiro era o comprador de gado de corte, lá pelos goiazes, que vinha revende-lo em Barretos. Foi meio de vida de muita gente boa na velha Uberabinha.

No tempo em que era rico, dono de terras hoje ocupadas pelo bairro Aparecida, doou, dizem, 15. 000 m² para ser o campo do Uberabinha Esporte Clube, criado em 1922. Já na escritura de venda do imóvel consta que custou um conto de réis. Não sei se simbólico ou verdadeiro. Se verdadeiro era o preço da época.

Há quem diga que o terreno foi doado pelo Juca Ribeiro, diretor e técnico do UEC por anos e anos. Ainda em vida, o Juca negou isso ao jornalista Odival Ferreira.

Uns dizem que ele foi inábil no trato econômico, outros que era mulherengo, e há mesmo quem diga que teve uma amásia esperta em Barretos, onde ele vendia o gado. Comprar gado em Goiás e trazer a pé para São Paulo era uma coisa demorada. O Gil ficava ansioso, doido para chegar e, por isso, fazia negócios mal feitos, apressados, com prejuízos que acabaram minando-lhe a riqueza, além do que a amante lhe tomava.

Mas falam também que quando houve a crise do gado zebu, nos anos 40 do século passado, Gil, como muitos outros criadores, quebrou.

Dizem alguns que, quando foi feita a suposta doação, no documento rezou que ele teria direito de comerciar dentro do estádio gratuitamente. Já idoso, era visto lá dentro com uma cesta de laranjas que vendia aos torcedores. Na verdade, isso não tinha nada a ver com o contrato da venda da área. Era a dificuldade financeira mesmo. Tem nada disso escrito lá.

Quem me falou do romance em Barretos, disse-me também que ele foi ser lixeiro da prefeitura por empenho do sr. Genésio de Mello Pereira, na época Chefe de Obras da Prefeitura, ajudado por sua secretária, Dirce Ribeiro, que foi professora no curso primário do dr. Genésio e, depois, vereadora - a primeira mulher vereadora de Uberlândia. Já há quem afirme que foi o prefeito Renato de Freitas, em sua primeira gestão, quem contratou o Gil como gari.

Gentil Alves Pereira, parente do Gil, levantou a genealogia dos Pereira em Uberabinha e Uberlândia e publicou-a, em 1974, no livro “São Pedro de Uberabinha – suas sesmarias, suas primeiras famílias e suas primeiras fazendas.” Consta nesse levantamento que o Gil era filho de Manoel Alves dos Santos e Maria Paiva de Rezende. Consta também que a área foi doada.

Gentil escreveu à diretoria do UEC pedindo autorização para colocar uma placa no portão de entrada do estádio homenageando o doador. O presidente do UEC era o major Jacques Rodrigues Alves que respondeu ao requerente que o próprio clube faria. Não fez.


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

Gil não faleceu na total indigência porque era socorrido pela família, mas que morreu paupérrimo, é verdade. Registra o Gentil que Gil Alves dos Santos faleceu em 1945, aos 75 anos de idade, portanto, o Renato de Feitas não podia contrata-lo. Sua primeira gestão foi de 1967 a 1971. Só se foi a outro Gil Alves dos Santos.

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