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26/06/2019 às 09h34min - Atualizada em 26/06/2019 às 09h34min

O ciclo das crenças

FERNANDO CUNHA
Eddie é um escritor fracassado de Nova York. Desempregado e rejeitado pela namorada, ele acredita que não tem mais futuro. Se entrega ao álcool e anda pelas ruas como um indigente. Mas sua vida muda completamente quando um velho amigo lhe oferece uma pílula milagrosa com a promessa de melhorar as suas habilidades mentais. Ele resolve então experimentar a droga e o efeito dela é avassalador. Eddie chega rapidamente ao topo nos negócios e em várias áreas de sua vida. Usa a sua superinteligência para ganhar muito dinheiro aplicando na bolsa de valores, o que chama a atenção de um investidor em especial. Um magnata que tenta usá-lo para aumentar a sua fortuna. Passado algum tempo, Eddie sofre alguns efeitos colaterais terríveis e a diminuição do estoque da droga ameaça o seu alto desempenho. Essa é uma parte da história do personagem interpretado pelo ator Bradley Cooper (o mesmo do “shalow now” original) no filme Limitless (Sem Limites), de 2011.

Isso é uma ficção, mas, assim como Eddie, nós acreditamos que somente com auxílio de algumas “forças externas” (que não sejam, necessariamente, algumas drogas) sairemos da situação em que nos encontramos para realizar grandes feitos. Temos o costume de dizer: “quando eu emagrecer, vou começar a correr”, “quando eu juntar, dinheiro vou viajar”, “quando eu comprar uma câmera profissional, vou gravar vídeos”, “quando eu fizer um curso de oratória, vou falar em público”, “quando eu tiver isso, farei aquilo”. Ficamos sempre esperando as condições perfeitas para agir. E é justamente isso que nos impede de darmos um passo à frente. Enquanto esperarmos as condições perfeitas para agir, nunca faremos nada. A chave que pode abrir as grades dessa prisão mental é justamente o nosso jeito de pensar sobre todas as coisas.

No decorrer da vida, somos mentalmente alimentados com inúmeras crenças limitantes. Algumas delas hereditárias, que nossos pais, irmãos e tios nos “plantam” enquanto ainda somos crianças, como: “você faz tudo errado”, “você devia ser como o seu irmão” ou “você nunca será ninguém na vida”. Existem também as crenças sociais, aquelas que absorvemos pelos noticiários de TV, etc. Quando assistimos apenas a programas sensacionalistas de violência urbana passamos a achar que o mundo todo é daquele jeito e mal saímos de casa. Se acompanhamos inúmeros casos de corrupção pela mídia, passamos a acreditar que todos os políticos são corruptos. Há ainda as crenças pessoais, que surgem quando nos acontece algo desagradável. Se, de repente, perdemos o emprego, passamos a acreditar que somos incompetentes. Se levamos um “fora” da namorada, tendemos a achar que nunca mais seremos amados. A essência de tudo isso está em nossa comunicação intrapessoal.

Precisamos entender como funciona o ciclo das crenças para não sermos vítimas delas. O ciclo começa na maneira como nos comunicamos com nós mesmos. Veja bem: há uma comunicação intrapessoal que gera um estado, que desencadeia comportamentos e planta a crença que determina o resultado. Por exemplo: se enviamos a mensagem à nossa mente de que “se apresentar bem em público é algo impossível”, criamos o estado físico e psicológico de incômodo toda vez que somos expostos de alguma forma. Daí passamos a reclamar quando surgem algumas situações e buscamos evita-las. Esse tipo de comportamento nos alimenta a crença de que “nunca serei capaz de me comunicar bem” ou “eu não gosto de me expor”. E qual o resultado disso? Poucos relacionamentos frutíferos e, consequentemente, menos oportunidades de crescimento pessoal e profissional, afinal, comunicação é tudo!

O ciclo das crenças funciona da mesma forma que o chamado efeito placebo. Inúmeras pesquisas são realizadas com pacientes que, mesmo tomando remédios falsos sem saber, apresentam melhoras significativas em suas enfermidades apenas pelo fato de acreditarem que estão sendo medicados. Não estou dizendo que é só tomar pílulas de farinha ou de açúcar que todos os nossos medos e limitações desaparecerão para sempre. O que proponho é uma mudança na forma de se comunicar consigo mesmo, agir conforme o ciclo e experimentar os resultados. Procure substituir pensamentos de derrota por mentalizações de sucesso, melhore a sua fisionomia nesse sentido e crie hábitos que colaborem com esse propósito. Em pouco tempo, florescerá a sua crença genuína de que você já está preparado e pronto para receber os inúmeros benefícios da mudança. Buda disse: “Toda grande caminhada começa com um primeiro passo”.       


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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