Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
03/03/2019 às 06h00min - Atualizada em 03/03/2019 às 06h00min

Roupa de grife é um vício?

KELLY BASTOS (DUDI)
Roupa é uma espécie de vício para você? Mas não é qualquer roupa, não. Estou falando de grifes: Chanel, Prada, Burberry, Gucci, Dolce & Gabbana. Para você, tais nomes são estimulantes, divertidos, e a levam a acreditar na falsa noção de ser alguém com elas. No entanto, nós vemos as marcas antes de enxergar a pessoa que as usa e, por serem muito conhecidas, agem como um ferro de marcar, estampando insegurança pelo corpo todo. As grifes funcionam como uma droga para você, e, se elas acabarem com você, pelo menos será enterrada com estilo.

Mas seu modo de vestir é elegante? Criativo? Demonstra talento e individualidade? Ou você não passa de um letreiro de néon gerado pela competitividade e pela baixa autoestima?

O interessante é que a situação do seu saldo bancário não a diferencia muito da média das pessoas. Se estiver vestida da cabeça aos pés com um chique traje Prada, completo com acessórios, ou com camiseta Adidas, tênis Nike e boné de beisebol Burberry, continuará com o mesmo desejo oculto de ser muito mais do que aquela pessoa que você acredita ser.

O lado bom disso é que sente merecer essas roupas. O lado ruim é que precisa dessas peças até para pôr os pés fora de casa. Já parou para se perguntar, por que você ficou tão dependente dessas marcas? Suponho, só suponho, ok?, que elas preenchem um vazio em sua vida. Você é, em parte, fissurada em compras e, em parte, viciada em grifes. A sensação de comprar algo novo é como uma dose de droga potente (é o que dizem) que a faz se sentir poderosa e no controle de tudo.

Na realidade, porém, você não está no comando de nada. Não está espiritualmente presente quando paga por outra calça jeans de grife. Se estivesse, daria uma parada, pensaria nas outras dez calças que já tem e colocaria a décima primeira de volta na prateleira. Mas não está no comando. Você leva a calça para casa e junta mais uma calça às roupas de brim.

Aí, aquela emoção da compra logo se evapora. É nesse momento que seu espírito afunda. Você se sente vazia, culpada e meio tola por ter uma calça a mais. O vazio abriu uma lacuna. A compra não alterou o seu dia. Terá de fazer tudo de novo. Para se livrar das grifes, você precisa descobrir qual parte da sua vida está vazia. Procure se lembrar dos momentos em que se sentia satisfeita sendo você mesma e recorde o que está diferente.

Você saía mais? Seu relacionamento era outro? Como estava o trabalho? Você tinha um projeto de vida, algo com que se preocupar? Este é um exercício importante para ajudá-la a compreender a si mesma, e a descobrir o que deseja da vida, para depois se dar conta de que as roupas não são um substituto adequado para nada.

Assim que acender uma luzinha iluminando o que falta no seu universo, você poderá modificar seu método de comprar e restringir o seu vício a grandes marcas.
Tags »
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90