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09/01/2019 às 08h28min - Atualizada em 09/01/2019 às 08h28min

Mitos e medos

FERNANDO CUNHA | JORNALISTA E PALESTRANTE
“Dinheiro não traz felicidade”. Essa é uma frase muito comum e que, provavelmente, já usamos em algum momento. Na verdade, é só uma justificativa para nossa incapacidade de gerar muito dinheiro. Esse é um dos mitos que a maioria das pessoas aprende desde cedo, talvez pelo número expressivo de desentendimentos familiares gerados por heranças financeiras ou pela grande visibilidade que os milionários adquirem junto aos larápios de plantão. Neste mundo cada vez mais capitalista e excludente, o dinheiro tem sim a sua devida importância quando o assunto é segurança, liberdade, independência e, consequentemente, a tão desejada felicidade. Particularmente, prefiro levar em consideração uma frase do colega jornalista João Costa, que diz: “dinheiro não traz felicidade, mas a falta dele também não”.

Da mesma forma, existem outros mitos que acreditamos serem verdades absolutas e que nos impedem de prosperar em diversas áreas de nossa vida pessoal e profissional. Já que o assunto aqui é “comunicação eficaz”, eu não poderia deixar de abordar os mitos relacionados ao tema e que sempre nos atrapalham, principalmente se a questão for a nossa (in)capacidade de se apresentar bem em público. Existem inúmeras técnicas que podem nos ajudar a nos tornarmos excelentes oradores, porém, alguns mitos que rondam essa questão precisam ser destruídos de uma vez por todas. De nada adiantaria dominar técnicas de oratória se sustentarmos algumas crenças que servem somente para alimentar inseguranças e medos. Existem infinitos mitos que nos assombram nesse sentido, mas pretendo desmitificar apenas três, por enquanto.

O mito número 1 é o de que poucos “escolhidos” nascem com o dom da oratória. Ninguém nasce sabendo. Alguns possuem algum grau de facilidade, mas não é determinante para a excelência da prática. Sem aprendizado e treinamento este ser “abençoado” ficaria no patamar da mediocridade. Se falar bem em público é uma necessidade ou um sonho, não vale desistir só por causa disso. Basta se preparar, treinar e executar sempre. Devemos descobrir nossos limites e procurar superá-los. De toda forma, é melhor errar com firmeza do que acertar inseguro.

O segundo mito é o de que não podemos sentir medo ou insegurança ao se apresentar. Por mais que treinemos, o “friozinho na barriga” estará sempre lá. Até os mais experientes sentem isso. O foco, então, é aprender a não transmitir essa sensação para o público. É preciso encarar a apresentação como um desafio a ser vencido e não como uma ameaça. Pesquisa feita nos Estados Unidos com repórteres de TV revelou que os profissionais que encararam a situação de entrar ao vivo como um desafio tiveram um desempenho melhor do que aqueles que a viram como uma ameaça. Encarar a situação com um ar de “brincadeira” também ajuda. Outra pesquisa com estudantes universitários constatou que o grupo que levou a atividade de se apresentar para o lado da seriedade teve um desempenho inferior. Vai se apresentar? Então, respire fundo e divirta-se com a situação!

O terceiro mito é o de que a plateia sempre notará qualquer falha. Caso aconteça de ocorrer um “branco” durante a apresentação, basta repetir a frase anterior, como se estivesse recapitulando. O público não sabe que algum conteúdo “passou em branco” a não ser que você demonstre isso. Além disso, gaguejar em algum momento ou cometer um desvio gramatical não colocará tudo a perder. O que vale mesmo, no final, é a mensagem central de seu discurso.

Proponho duas atividades para começarmos este novo ano destruindo mitos e descartando medos. Primeiro, vamos listar numa folha de papel os mitos que nos atrapalham e as crenças limitantes que sempre nos impediram de evoluir na arte de falar em público. Não é uma tarefa fácil, mas garanto que vale a pena! Depois, vamos fazer uma autoanálise baseada em alguns aspectos relacionados à nossa personalidade de comunicadores. Neste exercício prático, sugiro que descrevamos nosso nível de autoconfiança, senso de humor, criatividade, improviso, simpatia, bagagem cultural, credibilidade, trajetória profissional, formação acadêmica, imagem, reputação e habilidade de comunicação, entre tantos outros fatores determinantes numa apresentação em público. Importante frisar que, neste caso, ao fazermos a autoanálise, foquemos somente nas nossas qualidades, e não nos nossos defeitos. Desta forma reforçaremos ainda mais a nossa convicção de que somos realmente capazes.
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